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Os atos pró-democracia e a narrativa do golpe na grande mídia

Os atos pró-democracia e a narrativa do golpe na grande mídia

Os meios seguem em seu papel de conduzir a opinião pública contra o governo. A
cobertura dos protestos do dia 18 de março foi apenas a última prova
EnsaioGolpe

Bia Barbosa e Helena Martins*

Nem mesmo quem trabalha com comunicação e monitora a mídia de massa há muitos anos deixa de se surpreender com a atuação programada, articulada e intencional dos principais canais de TV sobre a crise política que tomou conta do Brasil.

Na sexta-feira 18, quando milhares de brasileiros saíram às ruas contra o impeachment, a mídia buscou, uma vez mais, desconstruir um dos lados desta disputa e fortalecer o outro. Os exemplos começam a ficar gritantes – e revelam a clara decisão dos grandes grupos de comunicação de atuar como protagonistas neste processo.

O foco das manifestações

Apesar de todos os atos pelo Brasil terem sido convocados com o mote da defesa da democracia e contra o golpe, eles foram retratados exclusivamente como manifestações em defesa do governo Dilma e do ex-presidente Lula, uma posição que existia nas ruas, mas que não era hegemônica.

A incapacidade – ou má-fé – da grande mídia em entender a pluralidade de fatores que levou as centenas de milhares de pessoas às ruas do País resultou em comentários “surpresos” de jornalistas como Eliane Cantanhêde, da GloboNews. “É surpreendente que essas pessoas de vermelho, que sempre foram às ruas pra defender o combate à corrupção e um país melhor, hoje estejam nas ruas condenando o Sergio Mouro, que é quem encampa essa bandeira, que sempre foi dessas pessoas”, afirmou a comentarista.

Se Cantanhêde e a cobertura da GloboNews entendessem – e informassem seus telespectadores – que os protestos foram em favor da democracia, que a imensa maioria dos que saíram às ruas de vermelho o fizeram por entender que há um golpe ao regime democrático em curso e que os questionamentos ao juiz Sergio Moro não foram exclusivos das ruas, mas de inúmeros juristas, advogados e promotores que apontam abusos em sua conduta, o tom não poderia ser de surpresa.

O perfil dos manifestantes

Uma vez mais, num comparativo entre os atos do dia 13 e do dia 18, a opção dos meios em retratar o perfil dos manifestantes de maneira bem diversa contribuiu para deslegitimar um dos lados que foi às ruas.

A capa do jornal O Globo de sábado 19 é flagrante. Sobre os protestos do dia 13: “Brasil vai às ruas contra Lula e Dilma e a favor de Moro”. Sobre o dia 18: “Aliados de Lula e Dilma fazem manifestações em todos os estados”.

EnsaioGolpe1Manifestante protesta contra a Rede Globo em ato realizado na Avenida Paulista ( Oswaldo Corneti/ Fotos Públicas)

Ou seja, no domingo 13 foi “o Brasil” que foi às ruas. Na sexta, “os amigos de Lula e Dilma”. Na página seguinte, o editorial do veículo defende o golpe abertamente: “O impeachment é uma saída institucional da crise”, afirma O Globo.

“A manifestação de hoje mostra que quem está indo pra rua é a militância. Não é o conjunto do povo brasileiro”, disse Cantanhêde – ignorando que o conjunto do povo brasileiro também esteve muito longe das ruas no domingo passado, e que aqueles que escolhem exercer sua cidadania de forma organizada são, também, brasileiros.

“Só 10% defendem o governo, mas são esses que têm experiência de fazer manifestação. Hoje foi uma convocação de militância – são movimentos muito organizados, com muita experiência. No domingo foram cidadãos (…) Domingo não foi o PSDB ou DEM que convocaram as pessoas para as ruas. Foi um movimento espontâneo. Verde e amarelo não é cor de partido (…) Quem foi pra rua no domingo foi gente bem informada, que acompanhou tudo o que aconteceu com a Petrobras, que apoia o que vem sendo feito pelo Sergio Moro, que apoia este momento, em que se se constrói uma nova vida para o Brasil e uma nova cidadania. Isso é muito diferente do que aconteceu hoje”, criticou.

Ou seja, não apenas o principal canal de notícias do País desinforma seus assinantes sobre os grupos e partidos que financiaram as manifestações do domingo como insinua que os cidadãos que ocuparam as ruas pró-democracia são ignorantes e mal informados simplesmente porque não apoiam a queda do governo.

Vale lembrar que, em termos de diversidade, a constatada, em pesquisa, entre os que usam o verde e amarelo é infinitamente mais restrita do que a que foi às ruas na última sexta.

A abordagem, proposital, contribui também para reforçar o discurso, nas redes sociais, de que os contrários ao impeachment são militantes pagos, beneficiários do Bolsa Família (como se isso os fizesse cidadãos de segunda categoria) e gente incapaz de tomar uma decisão refletida sobre por que defender o Estado Democrático de Direito no País.

Como a mídia também ignora as inúmeras declarações de juristas, pesquisadores, professores universitários, artistas, profissionais liberais, advogados e jornalistas que são contra o golpe, o caminho fica aberto para este discurso, que beira o fascismo.

Os números dos protestos

A comparação entre o tamanho das manifestações foi uma das tônicas do noticiário. Repetidos à exaustão, os números inferiores dos protestos de sexta em relação aos de domingo passado também foram um elemento central para deslegitimá-los.

O Jornal Nacional, que já tinha abordado a questão na sexta, voltou a falar dela no sábado 19, numa reportagem somente sobre o comparativo das presenças. No Jornal das Dez, da GloboNews, a apresentadora Renata Lo Prete avaliou: “Domingo foi muito maior. Mas, num momento como este, as manifestações desta sexta foram expressivas não para conter a grande rejeição ao governo, mas para mostrar que os aliados de Lula e quem está disposto a defender Dilma vão fazer barulho e ajudar o governo a atrasar os processos”.

Cristiana Lobo completou: “Conseguem fazer um barulho, mas sem comparação”.

Os números, sabemos, são fundamentais na narrativa midiática, pois ajudam a atribuir veracidade aos discursos e avaliações. Neste sentido, a cobertura de domingo preocupou-se em mostrar, repetidas vezes, que o número de participantes dos protestos contra o governo cresceu em relação ao maior ato realizado com este propósito, no ano passado.

A cobertura de cada grande cidade contou com esse elemento, criando a ideia de que todo o país, cada vez mais, está se engajando nessa reivindicação. O mesmo não se viu na última sexta-feira. Comparações com atos anteriores poderiam mostrar que a preocupação com os rumos da crise política do país também aumentou. A opção, contudo, foi de categorizar e estigmatizar os que foram para as ruas no 18, distanciando os leitores e telespectadores de uma possível associação com eles.

Em frente à Justiça Federal de Curitiba, manifestantes protestaram contra Dilma, Lula e o PT. (Orlando kissner)

Em frente à Justiça Federal de Curitiba, manifestantes protestaram contra Dilma, Lula e o PT. (Orlando kissner)

A intensidade da cobertura

Já falamos neste blog como uma cobertura sem intervalos, ao longo de 12 horas, com a entrada de correspondentes em todo o país e a imagem das pessoas chegando nas manifestações de domingo foi fator decisivo para que muitas pessoas se somassem aos protestos contra Lula e Dilma.

Na sexta, foi tudo diferente. A atriz Leandra Leal chegou a questionar o silêncio da imprensa na cobertura dos atos: “@GloboNews estou trabalhando e assim como domingo e ontem, queria acompanhar as manifestações, cadê a cobertura ao vivo?”, questionou em seu perfil no Twitter.

Durante a tarde, quando já havia atos sendo realizados, o jornalismo do Grupo Globo não deu o destaque merecido à situação. Na TV fechada, notícias sobre temas diversos – que tinham sumido do noticiário nos dias anteriores – foram exibidas.

Reportagem com o resgate dos fatos da última semana – por demais conhecidos – dividiu espaço com as que versavam sobre os atos, que aconteciam naquele momento. O reconhecimento da importância e dos impactos políticos da tomada das ruas, tida como decisiva no domingo, também não veio desta vez. Foram raras as informações sobre a dimensão dos atos para além dos que ocorriam no Rio, em São Paulo e em Brasília.

Mais uma vez, segundo a Globo, não era o país que estava nas ruas. A abordagem só foi alterada quando a dimensão do ato na Paulista já não podia ser negada.

O já citado Jornal das Dez destinou um minuto para mostrar os atos em algumas capitais, e depois mais um minuto para os atos contrários e um minuto para as manifestações de delegados da PF e procuradores em apoio à operação Lava Jato.

No Jornal Nacional, o desequilíbrio numérico também foi gritante. Depois de um rápido flash da Avenida Paulista no início do telejornal, a matéria sobre os atos em todo o país foi ao ar somente no minuto 25 do programa.

Todo o tempo anterior foi destinado a apresentar críticas e “denúncias” contra o ex-presidente Lula –como o conteúdo dos grampos, que não demonstram ilegalidades e cuja legalidade sequer foi questionada pelos jornalistas. A matéria dos atos recebeu 7 minutos do tempo do JN, quanto outros 17 foram destinados a acusações.

Da Bahia, recebemos a observação do jornalista Alex Pegna Hercog: “No dia em que milhares foram às ruas contra o golpe, essas são as manchetes de alguns dos mais acessados portais da internet da Bahia.

Ibahia (Correio, grupo Globo, de propriedade do prefeito ACM Neto): “Troféu Dodô e Osmar acontece 28 de março; veja lista de indicados”; “Aulão com FitDance e Papazoni agita academia em Patamares”; “Vai sair final de semana? Veja a programação cultural da capital”

A Tarde (de propriedade dos herdeiros do fundador Simões Filho): “Anitta manda indiretas para suposto affair”; “Líder do Maroon 5 quase mostra demais em show”; “Titto nega traição com mulher de diretor da Globo”.

No Fantástico deste domingo (20), nada sobre os protestos que mobilizaram todos os estados na última sexta. Muito diferente do que aconteceu no domingo 13.

Os enquadramentos

A sutileza da cobertura chegou ao enquadramento das imagens. O estudioso das comunicações e também deputado federal Jean Wyllys, do PSOL, que está na oposição ao governo (vale lembrar), destacou a clara confusão da imprensa entre jornalismo e propaganda num post em seu perfil no Facebook:

“O enquadramento das imagens, no domingo, era o mais favorável e permitia ver que tinha muita gente, enquanto na sexta-feira, a câmera estava sempre muito perto ou muito longe, produzindo o efeito oposto. Em algumas cidades, inclusive, as imagens mostraram o momento em que as pessoas ‘estão começando a chegar’ e, tempo depois, o momento em que ‘a manifestação já acabou’, omitindo o momento mais importante: quando a manifestação estava acontecendo. No domingo, esse foi o momento privilegiado”. 

Afinal, omitir o crescimento dos atos não favorece seu crescimento, algo importante na estratégia dos veículos de mostrar que “o país está todo contra a Dilma”.

O contraditório

Também diferentemente do domingo, a cobertura dos atos desta sexta foi recheada de informações e comentários sobre o outro lado da disputa. Enquanto no dia 13 as emissoras transmitiram e valorizaram os atos, acrescentando à sua cobertura somente informações e análises que reforçavam a visão daqueles que estavam nas ruas, sem qualquer espaço para visões antagônicas, os atos do dia 18 foram cobertos tendo como pano de fundo exatamente o oposto, ou seja, relatos que contribuíam para abafar a importância dos milhares que estavam nas ruas.

“Temos duas informações legais e quentinhas para os telespectadores: o PRB deixou o governo e a OAB, reunida ao longo do dia todo, decidiu apoiar o processo de impeachment da Dilma Rousseff. É uma informação importante pela conexão com a queda do Collor. José Eduardo Cardozo foi pessoalmente à OAB, fez um discurso defendendo o governo, mas não deu certo (…) É uma derrota expressiva, que tem simbologia para a Dilma Rousseff, no dia em que começa a contar o prazo para a comissão que vai analisar o processo na Câmara”, celebrou a mesma Eliane Cantanhêde, na GloboNews.

Ou seja, no domingo 13, a imprensa não se deteve apenas ao papel de fazer a cobertura jornalística dos atos – algo mais do que justificável, pois eram acontecimentos expressivos que merecem divulgação –, mas atuou como um dos agentes do processo, ao convocar a ida de cidadãos às ruas.

Assumindo para si o discurso simbolizado nas roupas verde-amarelas, a narrativa predominante na grande mídia foi a de que o País estava unido com a justa bandeira do fim da corrupção.

Por outro lado, o que se viu sobre os atos de sexta-feira 18 foi o silenciamento sobre as diversas pautas que levaram as pessoas às ruas e o reforço de uma associação de manifestantes a partidos políticos – estigmatizando todos que exercem o direito constitucional de se organizar desta forma –, para a defesa de um governo envolvido em casos de corrupção.

Mais uma vez, a imprensa extrapola suas funções de informar e coloca a democracia em risco, num jogo às vezes sutil, outras nem tanto, de construção de sentidos e de silenciamentos, que em nada colaboram para a manutenção do Estado Democrático de Direito.

A atuação, sobretudo do Grupo Globo, está clara. A crítica às posturas que suas emissoras e veículos tem adotado, também. Não deixa de ser curioso que a Globo ajudou a levar pessoas para as ruas também na última sexta, nos protestos pela democracia. Mas não por uma postura aberta pró-atos, mas justamente pela prática de manipulação dos fatos, incrivelmente menos disfarçada do que em outros momentos da nossa história – o já citado editorial de O Globo comprova.

Assim, além de defender a democracia, é hora de dar um passo a mais no questionamento sobre o sistema midiático do país. Mais do que nunca, é necessário democratizar os meios de comunicação e transformar as propostas já elaboradas por aqueles que atuam neste campo em bandeiras de quem está indo às ruas contra o golpe.

Afinal, está claro: o poder concentrado da mídia e sua capacidade de construir representações e ideologias pode ser definidor na manutenção ou ruptura da nossa democracia.

Bia Barbosa e Helena Martins são jornalistas e integrantes do Conselho Diretor do Intervozes.

Fonte: Carta Capital

Renato Russo

Renato Russo – Legião urbana (* 27/03/1960 + 11/10/1996)

Renato ‘Russo’ Manfredini Júnior (27 de março de 1960 / 11 de outubro de 1996) nasceu no Rio de Janeiro. Filho do funcionário público do Banco do Brasil, Renato Manfredini, com a professora de inglês, Maria do Carmo. Viveu dos sete aos dez anos em Nova York (EUA), por conta de uma transferência profissional de seu pai.

Aos 13 anos, de volta à Brasília, Renato estudava e levava uma vida típica dos adolescentes de classe média da Capital Federal. Quando, entre os 15 e os 17 anos, enfrentou uma rara doença óssea, a epifisiólise, que o deixou por um período entre a cama e a cadeira de rodas. Já nesta época criava bandas e movimentos imaginários. Começou também a compor letras e músicas compulsivamente em casa.

Em seguida formou a banda Aborto Elétrico, em 1979. Em 82 abandonou o Aborto Elétrico e passou a fazer trabalhos solos. Neste período ficou conhecido como “O Trovador Solitário”.

A Legião Urbana surgiu quando Renato se juntou a Marcelo Bonfá, Eduardo Paraná (Hoje conhecido como Kadu Lambach) e Paulo ‘Paulista’ Guimarães, ainda em 1982. Ico-Ouro Preto também tocou guitarra em poucos shows do início da banda. No ano seguinte, Paulista e Paraná deixam a formação original e Dado Villa-Lobos assume a guitarra.

Uma gravação demonstrativa chegava às mãos de executivos da EMI-Odeon, no Rio de Janeiro. Nesta fase, a banda contou com o importante apoio de Herbert Viana, do Paralamas do Sucesso, que tinha sido contratada pela gravadora e já os conhecia e admirava. Assim, a Legião Urbana foi contratada para lançar seu primeiro álbum, que foi produzido em 1984 e lançado nos primeiros dias de 1985. Momentos antes dessa gravação, o músico Renato Rocha, o “Negrete”, passa a integrar a banda como baixista, posto antes ocupado por Renato Russo. A partir dali nasceriam discos marcantes e grandes sucessos.

Aborto Elétrico

Aborto Elétrico

Aborto Elétrico

Aborto Elétrico foi uma banda seminal que deu origem à carreira de Renato Russo como músico, compositor e intérprete. Precedeu a fase de “Trovador Solitário” e surgiu em 1978. Continha traços do punk, massificado no mundo um ano antes, pelos Sex Pistols.

Após se recuperar da doença que o acometia na época, o jovem Renato descobre, incentiva e participa do movimento punk em Brasília. Numa das festinhas organizadas pela galera, Renato conhece André Pretorius, com quem decide formar uma banda. Eram os integrantes Renato nos vocais e no baixo, André na guitarra e Fê Lemos na bateria.

No vai e vem de formações, o Aborto Elétrico contou com participações também do irmão de Fê, Flávio Lemos. Naquela época, várias músicas do repertório da Legião Urbana e do Capital Inicial foram criadas, como “Que País é Este?”, “Veraneio Vascaína” e “Química”. Esta última, aliás, foi o pivô do fim da banda.

A primeira apresentação do Aborto Elétrico foi no dia 11 de Janeiro de 1980, no bar Só Cana, do Centro Comercial Gilberto Salomão, reduto da juventude de Brasília. Fizeram parte da “Turma da Colina”, junto à Plebe Rude e outras bandas. A primeira música composta para o Aborto Elétrico foi “I want to be a junkie”, de autoria de Renato Russo (apesar de nunca ter visto drogas realmente pesadas até então). As brigas entre Fê Lemos e Renato Russo aconteciam sempre. Em 14 de dezembro de 1981, o Aborto Elétrico fez um show no Distrito Federal e Renato havia sumido antes do show, por conta da morte de John Lennon. Fê Lemos ficara irritado. Quando Renato errou uma música, o baterista atirou uma baqueta nele, acertando a cabeça. Renato foi em direção a Fê e decretou o fim da banda.

Os irmãos Lemos foram até a casa de Renato e pediram para que eles continuassem, até que Renato topou. Mas quando mostrou a música “Química” para Fê, o parceiro de banda teria dito que a canção era horrível e que Russo perdera a habilidade para fazer músicas. Então, em março de 1982, foi decretado o fim do Aborto Elétrico.

Como numa despedida oficial, Fê chamou Renato para uma última apresentação. Renato foi e o Aborto Elétrico teve a sua derradeira aparição. Seis meses depois do fim da banda, Fê e Flávio Lemos, formam o Capital Inicial. Em 1987, André Pretorius morreu de overdose na Alemanha.

Trovador Solitário

Ao abandonar definitivamente o Aborto Elétrico, Renato Russo passou a fazer trabalhos solo. Naquele período ficou conhecido como Trovador Solitário, embora não tivesse desistido totalmente de ter uma banda de rock e fazer sucesso, conforme sonhava na época. Então Renato abria shows das bandas amigas de Brasília. Foi um período de algumas vaias do público punk, mas bem importante para um artista influenciado pelo folk de Bob Dylan e Nick Drake.

Fazendo shows com seu violão de 12 cordas, criou músicas como “Faroeste Caboclo”, “Eduardo e Mônica”, “Música Urbana 2”, entre outras. Já cansado de tocar sozinho, no mesmo ano foi em busca de novos parceiros para um trabalho em grupo.

Carreira solo

Em 1993 Renato iniciou a carreira solo e lançou The Stonewall Celebration Concert (1994), disco de ‘militante’, cujo nome é referência ao bar nova-iorquino onde, em 1969, gays se rebelaram contra a ação política. O álbum ‘Stonewall’ também é uma homenagem ao seu ex-namorado, então recém-falecido, Scott, e continha músicas de Madonna e Bob Dylan, entre outros.

No ano seguinte lançou Equilíbrio Distante (1995), interpretando canções italianas, cuja sonoridade (combinada à sua descendência), Renato gostava muito. O disco apresenta sucessos como Strani Amori, La Solitudine e La Forza Della Vita. Segundo o próprio Renato, o álbum foi feito em homenagem à sua família.

Renato morreu em 1996 com apenas 36 anos por broncopneumopatia, septicemia e infecção urinária, consequências do contágio pelo vírus HIV. Ele descobriu a doença em 1989, mas nunca assumiu publicamente ser portador. Em 1997 é lançado o disco póstumo “O Último Solo”, com gravações inéditas que não entraram em seus CDs solo anteriores.

Em 2003, sete anos após a morte de Russo, a EMI lança “Presente”, trazendo duetos e trechos de entrevistas gravadas em áudio. Em 2006 surge o CD/DVD “Uma Celebração”, gravado pelo canal de TV Multishow, em parceria com a EMI, com músicas interpretadas ao vivo por vários artistas. Em 2008 sai o CD “O Trovador Solitário”, com gravações caseiras de Renato em 1982.

E em 2010, ao celebrar os 50 anos que Renato Russo faria, a EMI lança o álbum “Duetos”, montado com gravações de Russo e participações póstumas de vários artistas. O ecletismo é uma das marcas das obras de Renato, que foi gravado por artistas diferentes entre si – como a banda punk argentina Attaque 77 e o cantor romântico brasileiro Nelson Gonçalves. Também teve canções registradas nas vozes de Simone, Ricky Martin, Jerry Adriani, Cássia Eller e Zélia Duncan, entre outros. Já Leila Pinheiro homenageou Renato com o álbum “Meu Segredo Mais Sincero”.

Em parceria com a amiga Marisa Monte, compôs “Soul Parsifal”. Renato Russo é um clássico eterno de nossa cultura. Ele não foi simplesmente autor ou intérprete. Permanece como um ídolo de milhões de pessoas que, até hoje, mesmo depois de passados 18 anos de sua morte, admiram e divulgam suas ideias, letras, músicas e imagem. Sua obra reúne o lirismo da MPB com a energia do movimento Punk Rock dos anos 80. As letras poéticas são rebuscadas e têm grande apelo popular.

Fonte: Renato Russo

 

Roteiro de um golpe?

Roteiro de um golpe?

AndreSingerPeço licença para aproveitar este interregno de Semana Santa e relembrar fatos que todos conhecem. Mas acho necessário destacar que até pouco tempo atrás o impeachment, hoje em franco progresso, estava morto. É preciso retroceder um pouco para entender o que ,de fato, aconteceu.

O pedido de impeachment foi aceito pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, em 2/12/2015, depois de o PT ter votado contra ele no Conselho de Ética. Alvo de inúmeras acusações e processos, o patrocínio do parlamentar foi visto como forma de grosseira retaliação.
Não obstante a baixa legitimidade do gesto de Cunha, menos de uma semana depois, a 7/12, o vice-presidente da República, Michel Temer, envia carta a Dilma em que explicita o seu afastamento do governo. Escrita em tom de bolero, a missiva fez aumentar as dúvidas sobre a capacidade de ele liderar o país para fora da crise, caso a presidente fosse impedida.

roteirogolpe

Não espanta que, diante desse massacre eletrônico, setores de direita e de centro tenham decidido esquecer os graves problemas que pesam sobre o impeachment e produzido, em 13/3, a maior manifestação histórica política do Brasil pela saída de Dilma e a prisão de Lula. A partir daí, legitimado pelas ruas, o impeachment começa a andar. Tudo coincidência?

Fonte: Folha de São Paulo

Um golpe e nada mais

UM GOLPE E NADA MAIS

Vladimir Safatle

SafatleA crer no andar da atual carruagem, teremos um Golpe de Estado travestido de impeachment já no próximo mês. O vice-presidente conspirador já discute abertamente a nova composição de seu gabinete de “união nacional” com velhos candidatos a presidente sempre derrotados. Um ar de alfazema  de República Velha paira no ar.

O presidente da Câmara, homem ilibado que o procurador-geral da República definiu singelamente como “delinquente”, apressa-se em criar uma comissão de impeachment com mais da metade de deputados indiciados a fim de afastar uma presidenta acusada de “pedaladas fiscais” em um país no qual o orçamento é uma mera carta de intenções assumida por todos.

Golpe1Alguns tentam vender a ideia de que um governo pós-impeachment seria momento de grande catarse de reunificação nacional e retomada de rédeas da economia.
Nada mais falso e os operadores do próximo Estado Oligárquico de Direito sabem disto muito bem. Sustentado em uma polícia militar que agora intervém até em reunião de sindicato para intimidar descontentes, por uma lei antiterrorismo nova em folha e por um poder judiciário capaz de destruir toda possibilidade dos cidadãos se defenderem do Estado quando acusados, operando escutas de advogados, vazamento seletivo e linchamento midiático, é certo que os novos operadores do poder se preparam para anos de recrudescimento de uma nova fase de antagonismos no Brasil em ritmo de bomba de gás lacrimogênio e bala.

Golpe2Neste contexto, outras saídas, no entanto, são possíveis. Por exemplo, a melhor maneira de Dilma paralisar seu impeachment é convocando um plebiscito para saber se a população quer ela e este Congresso Nacional ( pois ele pe parte orgânica de todo o problema) continuem. Fazer um plebiscito apenas sobre a presidência seria jogar o país nas mãos de um Congresso gangsterizado.

Golpe3

Fonte: Folha de São Paulo

 

Jesus Cristo Superstar – Obra Clássica

Jesus Cristo Superstar – O filme

Sob a visão atormentada de Judas Iscariotes (Carl Anderson), conhecemos os sete últimos dias de Jesus (Ted Neely) na Terra, terminando com a sua crucificação, mas sem contar a ressurreição. A narrativa é uma mistura de passado e presente, apresentando soldados romanos que usam metralhadora e perseguem um Cristo hippie. Musical dirigido por Norman Jewison.

CURIOSIDADES

Musical de rock

O roteiro de Jesus Cristo Superstar é baseado no musical de rock de Andrew Lloyd Webber, com texto de Tim Rice.

Falas cantadas

Todos as falas de Jesus Cristo Superstar são cantadas pelos atores.

Por trás das câmeras

Ted Neeley estreou como cinegrafista durante as filmagens do longa. Ele foi responsável pelas cenas em que Judas é perseguido por tanques nas dunas do deserto.

Romance no set

O ator Ted Neeley conheceu sua esposa durante as filmagens do longa, ela atuava como uma das dançarinas.

Bebendo água

Durante as filmagens no deserto, os atores tinham que se hidratar a cada vinte minutos.

40 anos de Jesus

Após viver Jesus neste filme, o ator Ted Neeley continuou representando o personagem nos palcos de teatro.

Prêmios

OSCAR
1974
Indicação a Melhor Trilha Sonora

BAFTA
1974
Ganhou como Melhor Trilha Sonora

Indicações a Melhor Fotografia e Melhor Figurino

GLOBO DE OURO
1974
Indicações a Melhor Filme – Musical/Comédia, Melhor Ator – Musical/Comédia – Carl Anderson, Melhor Ator – Musical/Comédia – Ted Neeley, Melhor Atriz – Musical/Comédia – Yvonne Elliman , Ator Mais Promissor – Carl Anderson  e Ator Mais Promissor – Ted Neeley

Fonte: Youtube e Adoro Cinema