Nada pra fazer?
Boa música pra ouvir e viajar
Pode ir pra qualquer lugar, não podem faltar as músicas
Nada pra fazer?
Boa música pra ouvir e viajar
Pode ir pra qualquer lugar, não podem faltar as músicas
Título: Seus lábios vermelho sangue
Parte 0
Foi numa noite de lua cheia, que um encapuzado apareceu pra Bia, a herdeira da dinastia. Ela estava desesperada, achava que iria morrer, pois na profecia assim estava escrito.
Segurou com força seu punhal atrás do corpo, olhou firmemente para aquela figura e sorriu.
– O que fazes aqui, oh criatura das trevas?
– Eu vim em paz…
– Isso é o que todos dizem, criatura. Como poderei saber se fala a verdade?
– A verdade é um mistério.
– Isso não é coisa que se fala para uma pessoa da minha classe. Você sabe o que eu posso fazer com você?
– Suas palavras não me assustam, herdeira. Todos iremos pra outro lado um dia.
Bia com medo, desmaiou e a criatura agarrou-a nos braços. Levando-a para seu esconderijo.
Título: Seus lábios vermelho sangue
Parte 1
Bia desperta e se pergunta onde está. A criatura olha pra ela com cara de preocupação. A criatura diz:
Você está no meu esconderijo, herdeira.
Oh, é aqui onde você mora?
Sim, aqui e os animais.
E os seus semelhantes? Os iguais a você?
Eu perdi o contato, se foram para a terra prometida, mas não quis acompanhá-los. Quis ficar e cumprir o juramento.
Do que você fala, assustadora criatura?
O juramento que fiz na noite de lua nova.
Fez isso para quem? E ainda não entendo suas palavras…
Sem pressa, tudo se acertará com o tempo.
Título: Seus lábios vermelho sangue
Parte 2
A chuva caia lá fora, Bia e a criatura comiam, conversavam e passavam bons momentos. Bia contava que tinha medo da responsabilidade que a família colocava nela, ser herdeira de uma dinastia era muito pra ela.
A criatura dizia:
– Você precisa dar o primeiro passo e ver o que acontece, a vida é muito maior do que isso.
– Sabe, minha família sempre fala, agora eu preciso demonstrar mais seriedade para com as tarefas, como escolher uma boa roupa, estudar as leis do reino, tratar bem as criadas, etc etc etc.
A criatura ri e fala:
– Amarras e pressões sociais sempre existiram, imagina se você fosse gêmea. Iriam te comparar com a sua irmã.
– Eu sei… As vezes, acho que seria mais feliz com uma família maior, me sinto sozinha…
Título: Seus lábios vermelho sangue
Parte 3
A criatura pensa, pensa de novo e de novo. Olha bem pra ela e diz:
Você está conversando comigo agora, ainda se sente sozinha? Sim, você se assustou comigo antes, mas é claro, estava andando sozinha no meio da floresta de noite…. Sustos acontecem, ainda mais de noite.
É, isso faz sentido. Você é uma criatura muito perspicaz. Acho que a emoção de sair da rotina, pois eu estava cansada das cobranças foi o que causou nosso encontro. Não tenho muito o costume de ir na floresta, minha família não deixa.
Sua família só quer o seu bem, mas muita coisa pode acontecer no meio do percurso até você se tornar uma governante sábia e justa. Já te contaram da época das grandes guerras?
Título: Seus lábios vermelho sangue
Parte 4
Bia espantada, olhou para o lado , depois para o outro e disse:
Só sei o que meus professores me ensinaram.
Sei, a história que está nos livros… Recortada e adaptada para crianças. – E a criatura gargalhou.
Nossa, sei que ainda sou jovem, mas nem imagino o que ocorreu, ou até imagino algumas coisas.
Bia, tudo começou num baile de máscaras na praça central da cidade. Muitas pessoas estavam lá, mas poucas viram o que realmente aconteceu.
Título: Seus lábios vermelho sangue
Parte 5
A criatura foi até os fundos da caverna, procurou algumas coisas e trouxe um pacote envolto em tecido.
Bia assustada, não sabia o que dizer e olhou espantada para aquilo. A criatura deu para ela segurar e disse:
Abra e veja os quadros que foram pintados por pessoas que viram o que aconteceu.
Meu Deus, o que você está querendo me dizer?
Abra, você já deve imaginar algumas coisas…
Minha tia Maria sempre me disse que diferente da escola, o que causou as grandes guerras eram a falta de compaixão de algumas pessoas…
Abra e você verá!
Título: Seus lábios vermelho sangue
Parte 6
A Bia abriu e viu os retalhadores, vários guerreiros armados com espadas, facas e correntes. Ela ficou abismada:
Nossa, esses foram quem causaram a guerra?
Sim, se existe uma guerra, soldados são necessários…
Havia um racha entre eles… um deles usava o sinal do X, outro o chapéu preto, outro as garras, tinham vários…
Sim, minha tia sempre fala do cheio de faixas…
Ele sentia a dor no corpo, difícil lidar com isso…
Sim, é por isso que alguns deles começaram a abandonar as armas, muito sangue correu…
Vermelho sangue
Título: Seus lábios vermelho sangue
Parte 7
Muitas lágrimas correram nesse momento, Bia pensativa achou melhor dormir. Enquanto isso a criatura sem nome cuidava da caverna, arrumava as coisas, guardava os quadros. Aquele dia tinha sido muito cansativo, Bia percebia que percebia o seu destino que a família queria pra ela.Os animais da floresta estavam em silêncio, o sono dela precisava ser cuidado.Batizada, ela tinha sido, prendada também, estudada também, faltava por em prática aquilo tudo na hora das decisões. E isso só ela precisava tomar, como os antigos mitos das rainhas e dos reis.
Lendas antigas que podem ter várias interpretações, como uma cortina de fumaça dos ninjas que a protegiam. Ela precisava ver além das sombras.
Título: Seus lábios vermelho sangue
Parte 8
A criatura deixou ela sozinha dormindo, e foi até a natureza da floresta. Tirou seus panos e foi banhar-se, o dia tinha sido difícil. E como a madrugada chegara, os rituais também.
A rotina da criatura sempre foi simples, mas agora tinha uma visita em sua residência e de importância para a comunidade.
O ser das sombras achava que o tempo das velhas aventuras tinham terminado. Mas mais uma vez o chamado aconteceu, e o medo dessa vez inexistia, pois o tempo era de paz.
Título: Seus lábios vermelho sangue
Parte 9
A Aurora de um novo dia surgia, Bia saía da caverna, procurando pela criatura, havia uma carta fincada com faca na árvore em frente a entrada. Ela lia e chorava, pois sabia que estava sendo protegida e nas horas de aflição a criatura apareceria, era só ela voltar à floresta ou entrar na caverna.
Fim
Imagine uma casa no bairro Jardim Almeida, zona sul de São Paulo, onde três famílias dividem o mesmo terreno. São 12 pessoas, entre elas duas crianças e uma adolescente. Agora, acrescente quatro televisões, três computadores e nove celulares, e você vai chegar próximo ao cenário em que vivem Ísis, Júlia e Vitória, de cinco, nove e 14 anos, respectivamente.
Apesar da diferença de idade, as três primas têm rotinas parecidas e contam que, quando não estão na escola, período entre 13h e 18h30, assistem televisão ou acessam vídeos na internet. A diferença é que a mãe de Ísis, que trabalha em casa, controla os programas que a filha assiste, por conter cenas de violência ou sexo. Os pais de Julia orientam, mas por trabalharem o dia inteiro fora, não têm controle sobre tudo o que ela acessa. Já Vitória, escolhe o que quer assistir sem interferência de ninguém.
O tempo dedicado à TV por crianças e adolescentes entre quatro e 17 anos, de todas as classes sociais, é de aproximadamente 5h35, incluindo canais abertos e fechados, sem contar programas sob demanda. Esses dados são do Painel Nacional de Televisão, do Ibope Media, contabilizado em 2014, em 15 regiões metropolitanas do Brasil. Em 2006, o tempo era de 3h15, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas.
As pressões e denúncias relacionada aos conteúdo devem ser feitas ao Ministério da Justiça ou ao Ministério Público Federal.
Poder político e econômico
Criticada pelos grandes meios de comunicação, que afirmam ser uma afronta à liberdade de expressão, e comemorada por organizações da sociedade civil como um avanço democrático, a política de Classificação Indicativa afeta diretamente o cotidiano das famílias por influenciar o consumo de mídia de crianças e adolescentes no Brasil. Entender o que está em jogo é essencial para tomar uma posição.
A secretária geral do FNDC (Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação) e integrante da coordenação do Coletivo Intervozes, Bia Barbosa, explica que os meios de comunicação, controlados por poucas famílias no país, se posicionam contra a Classificação Indicativa, pois ela atinge a busca por audiência e, consequentemente, pode afastar o investimento de anunciantes, que garantem o lucro da empresa.
“Mas é preciso lembrar que as concessões públicas para rádio e televisão são ferramentas do Estado e, mesmo que sejam utilizadas para fins comerciais, devem respeitar o interesse público”, defende.
É uma informação prestada às famílias sobre a faixa etária para a qual obras audiovisuais não se recomendam. São classificados produtos para televisão, mercado de cinema e vídeo, jogos eletrônicos, aplicativos e jogos de interpretação (RPG). (FONTE: Ministério da Justiça)
Papel de cada um
Vários atores estão envolvidos no atual modelo de Classificação Indicativa no Brasil: emissoras, distribuidoras de conteúdo audiovisual, a sociedade e o Estado. De acordo com o Guia Prático de Classificação Indicativa do Ministério da Justiça, cabe ao Estado, por meio do Ministério da Justiça (MJ), regulamentar a política de classificação. Já o Ministério Público tem a função de denunciar as eventuais infrações aos direitos da criança e do adolescente.
Ainda segundo o documento, o papel das empresas de televisão aberta e fechada, das empresas de cinema, de vídeo doméstico e de jogos eletrônicos é seguir as regulamentações do MJ, apresentando os símbolos e demais informações de classificação nos produtos audiovisuais, respeitando a indicação de horário e idade.
Bia Barbosa reforça que a Classificação Indicativa não impede que nenhum tipo de conteúdo seja veiculado, apenas garante que nessa veiculação haja uma informação prévia. “E a imensa maioria das pessoas aprova e confia nessas recomendações, como mostram as pesquisas do Ministério da Justiça”.
Classificação Indicativa é uma informação prestada às famílias sobre a faixa etária para a qual obras audiovisuais não se recomendam.
Os critérios de análise da classificação indicativa e suas aplicações, principalmente relacionados à violência, sexo, nudez e drogas, podem ser acessados por meio do Guia Prático de Classificação Indicativa, publicado em 2012, pelo Ministério da Justiça.
Quem decide
Apesar disso, o jornalista e assessor de relações governamentais do Instituto Alana, Renato Godoy, reforça que, na prática, as emissoras têm liberdade de seguir ou não as recomendações da lei. O quadro piorou, segundo ele, desde que o Supremo Tribunal Federal decidiu pela inconstitucionalidade da aplicação de multa às empresas que descumprem as recomendações da Classificação Indicativa, prevista no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).
“De 2016 para cá, temos observado que a vinculação de horário vem sendo desrespeitada com conteúdos não indicados para menores de 14 anos, por exemplo”, diz Godoy. Também é caso recente, como aponta a secretária geral do FNDC, as novelas que são reprisadas na parte da tarde sem nenhuma edição ou que foram compradas de outros países e recomendadas apenas para adultos.
“Como a tarefa não é apenas do Estado, essa política existe justamente para dar os instrumentos para que famílias possam julgar, analisar e decidir se elas vão permitir que filhos assistam os conteúdos ou não”, sugere Bia Barbosa.
O que a sociedade pensa sobre a Classificação Indicativa?
Breve histórico
Bola fora
Apesar da televisão ainda liderar a audiência no Brasil, a utilização da internet por crianças e adolescentes cresce, segundo a pesquisa TIC Kids, realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), através do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), divulgada em 2016. De acordo com o levantamento, 80% da população entre 9 e 17 anos acessa a rede, entre este percentual, 66% mais de uma vez por dia.
Mudança de cenário
Ísis, Júlia e Vitória retratam bem essa realidade quando afirmam que estão trocando os programas de TV pelos canais do YouTube. Segundo elas, a internet tem mais opções, servindo tanto para estudos quando para entretenimento, como “aprender a desenhar”, “dançar funk” ou “cantar rap”.
É preciso que famílias acompanhem o que crianças estão assistindo.
Como explica Renato Godoy, algumas plataformas digitais fazem autoclassificação de conteúdos, mas ainda não existe uma política de classificação exclusiva para a internet. “Geralmente, os materiais classificados e exibidos na televisão mantêm a classificação em outras plataformas”, explica.
Para Bia Barbosa, não é possível classificar tudo a que crianças têm acesso, pois a quantidade de conteúdos disponíveis na internet é gigante. “E nem defendemos que o Estado faça tudo, pois é tecnicamente inviável”.
Por isso, ela reforça que é preciso que famílias acompanhem o que crianças estão assistindo e, no caso da internet, que sejam fornecidos os elementos necessários para que pais e mães tenham condições de fazer uma boa análise sem depender exclusivamente de um órgão regulador como o Ministério da Justiça para garantir a proteção de crianças e adolescentes.
Como denunciar?
As pressões e denúncias relacionada aos conteúdo devem ser feitas ao Ministério da Justiça ou ao Ministério Público Federal.
Fonte: Catraquinha Livre