Monthly Archives: julho 2019

Companhia dos Solilóquios apresenta CAFÉ em curta temporada no SESC 24 de Maio

Foto Vinicius Santos

A Companhia dos Solilóquios apresenta temporada do espetáculo CAFÉ no SESC 24 de Maio, com entrada gratuita. A peça busca valorizar o protagonismo do jovem em cena e na vida.

Companhia do Solilóquios realiza temporada gratuita do espetáculo CAFÉ no centro de SP

De 15 a 17 de agosto de 2019, sempre às 18h00, com entrada gratuita, a Companhia dos Solilóquios apresenta o espetáculo CAFÉ no SESC 24 de Maio, que fica na região central de São Paulo. 

Criada a partir de um poema escrito pelo dramaturgo Herácliton Caleb, “CAFÉ” é uma peça jovem que aborda as expectativas e rituais de passagem dos romances juvenis para a fase adulta, com verdade e empatia, convidando o público de todas as idades para um momento de aproximação com o universo juvenil.  

A montagem, que tem direção e dramaturgia de Bruna Vilaça, e atuação de Felipe Herculano e Weslley Nascimento, busca dialogar com o público jovem de forma sincera. A montagem estreou no Centro Cultural São Paulo em janeiro de 2019, onde realizou uma temporada de grande sucesso de público e repercussão e, a convite da SP Escola de Teatro, realizou uma segunda temporada nos meses de abril e maio de 2019. 

Através de uma conexão verdadeira com suas verdades e inverdades, fugindo de estereótipos e formas caricatas de se retratar a juventude, o espetáculo valoriza o jovem como protagonista de sua própria história, já que uma fatia expressiva deste público, por muito tempo, se viu pouco representada em espetáculos teatrais.

A obra adentra a vida de dois garotos que vivenciam uma trajetória romântica permeada somente por assuntos sobre café. Conflitos, inseguranças, paixões, fantasias, um misto de sensações que permeiam o período da juventude, retratadas com sensibilidade, cuidado e empatia.

“Como é se perceber e perceber o outro, em meio a este grande período de transição que a juventude representa a cada um de nós?” é uma das reflexões propostas por esta montagem cuja encenação transpassa o convencional teatro realista, misturando linguagens como artes plásticas, dança-teatro e musicalidades, facilitando a aproximação e a conexão entre a obra e o público jovem.  

CAFÉ é um convite para jovens e adultos refletirem sobre a passagem do tempo e sobre como cada um de nós lida com as mudanças inerentes a ela. A montagem marca a estreia da Companhia dos Solilóquios, que busca através do Teatro Jovem, se aproximar de temas e reflexões muito importantes e necessárias. 

Idealizada em 2018, a Companhia dos Solilóquios tem como proposta a montagem de obras inéditas, afim de contribuir com a propagação de dramaturgias exclusivamente brasileiras e de novos formatos cênicos que possuam um grande poder de comunicação com o público, partindo sempre das temáticas sociais referentes ao nosso tempo.

Se programe e vá conhecer este trabalho. Mais informações em : www.facebook.com/ciadossoliloquios

FICHA TÉCNICA

Direção e Dramaturgia: Bruna Vilaça | Poema: Café, de Herácliton Caleb | Elenco: Felipe Herculano e Weslley Nascimento | Cenário e figurino: Weslley Nascimento 

| Execução de figurino: Luciana Albuquerque | Execução de cenário: Ivanildo Alceu

| Fotografia: Vinicius Santos | Pesquisa sonora: Bruna Vilaça | Direção de Produção: Weslley Nascimento | Assessoria de Imprensa: Luciana Gandelini | Assistente de produção: Belchior Emídio | Iluminação: Andreza Dias

Espetáculo CAFÉ

Com Companhia dos Solilóquios

SINOPSE

Dois jovens se conhecem em uma cafeteria da avenida central e vivenciam uma trajetória amorosa, na qual suas fases são comparadas às de um café sendo feito. O espetáculo adentra cenas das personagens em diferentes momentos do amor e através de analogias sobre café conseguem expressar sentimentos e retratar um romance projetado para o futuro, mas perdido no tempo. Duração: 60 minutos.

Drama, teatro jovem, narratividade. 

Tema: juventude, passagem da vida, romance, conversas sobre café.

Quando: 15, 16 e 17 de agosto de 2019 (quinta-feira, sexta-feira e sábado)

Horário: 18h00

Onde: SESC 24 de Maio – 6º andar – espaço: Varanda das Oficinas
Endereço: Rua 24 de Maio, 109 – Centro – São Paulo – SP –  Telefone: (11) 3350-6256
Classificação: 14 anos
Ingressos limitados
Grátis
Retirada de ingressos 1h antes no local.

Assessoria de Imprensa: Luciana Gandelini – Cel 99568-8773 – lucigandelini@gmail.com

Economia afunda e Brasil tem mais de 40 mi de desempregados ou subtilizados

Economia afunda e Brasil tem mais de 40 mi de desempregados ou subutilizados – Publicado originalmente em 08/07/2019

Os seis primeiros meses do governo Jair Bolsonaro à frente da economia podem ser considerados um desastre; neste período, o desemprego alcançou cerca de 13 milhões trabalhadores e o desalento outros 5 milhões de pessoas; subutilização, situação enfrentada por mais de 28 milhões de pessoas inseridas no mercado de trabalho, é mais um ponto de preocupação

Antonio Biondi, Brasil de Fato – Como resumir os 6 primeiros meses de Jair Bolsonaro (PSL) à frente da economia brasileira? Os adjetivos podem ser muitos e variados, mas alguns substantivos – bastante concretos – não podem escapar a uma análise mais sincera do período.

O desemprego, que segue no triste patamar de 13 milhões de brasileiros e brasileiras, é certamente um deles. O desalento, que hoje atinge quase 5 milhões de trabalhadores e trabalhadoras, outro. A subutilização, situação enfrentada por mais de 28 milhões de pessoas inseridas no mercado de trabalho, mais um.

Para completar o quadro (gráfico), o governo oferece a privatização de ativos valiosos para o país e a retomada do crescimento é pífia, com previsão 0,85% em 2019. 

Do ponto de vista dos direitos, Bolsonaro pretende adotar reformas prejudiciais aos trabalhadores e favoráveis aos representantes mais atrasados do setor produtivo. 

Ainda antes de completar 200 dias de governo, o presidente e o ministro da Economia Paulo Guedes buscam aprovar na Câmara dos Deputados o seu prato principal para o mercado: a reforma da Previdência.

Carro no frio

Fausto Augusto Júnior, coordenador de Educação do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) afirma que o atual contingente de cerca de 13 milhões de desempregados, notoriamente alto, “vem se mantendo há algum tempo e pode piorar. Não existe perspectiva de melhora”.

Para o coordenador de Educação do Dieese, a economia brasileira hoje se assemelha a um carro a álcool em um dia frio e com a bateria sem carga: “o carro – no caso, a economia – não vai pegar sem que alguma outra medida seja tomada”.

O especialista relativiza a promessa do governo de que a reforma da Previdência mudará tudo, e relembra que “o histórico recente mostra que não é assim que funciona”. “A aprovação de outras reformas, como a Trabalhista, por exemplo, também foi defendida como caminho único e certo pelo governo anterior para a retomada do crescimento da economia, e a hipótese não se confirmou”.

O economista Paulo Nogueira Batista Júnior concorda com a análise. Ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) e ex-vice-presidente do Banco dos BRICS (Novo Banco de Desenvolvimento, associado ao Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), Batista Júnior avalia que o atual governo não tomou medidas para o país voltar a crescer.

O economista enumera ações que poderiam ser tomadas: o Banco Central poderia baixar os juros; o governo poderia liberar recursos do FGTS, o que já foi cogitado pela atual gestão; entre diversas outras medidas.

Entretanto, mesmo essas medidas tidas como básicas pelos economistas, estão sendo condicionadas pelo governo à aprovação da reforma da Previdência. “O pouco que se falou não foi feito, à espera da aprovação da reforma. Essa ideia de que a economia se recupera de forma quase espontânea com a aprovação de reformas estruturais é uma ilusão. Não é algo razoável”, critica.

Para Nogueira, Bolsonaro oferece ao país uma política econômica pobre e enviesada, de modo que o Brasil está longe da perspectiva de sair da recessão que se aprofundou com a crise política marcada pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff, em 2016, e pela instabilidade econômica e social dos anos seguintes.

Sanha privatista

Fernando L. C. Antunes, advogado e professor de Direito Constitucional, destaca que as privatizações podem se acelerar nos próximos anos das atuais gestões federal e estaduais. Isso porque o Supremo Tribunal Federal (STF) realizou julgamento de grande importância no início de junho, que deve diminuir as exigências e controle para vendas de empresas estatais, especialmente as chamadas subsidiárias (que respondem por operações e serviços mais específicos da companhia principal, as chamadas holding).

O governo federal tem, segundo o Ministério da Economia, 134 estatais, das quais 88 são subsidiárias. O advogado destaca, nesse sentido, ser bastante difícil de se separar até onde vai a holding e onde começam as subsidiárias – ou como a companhia principal pode sobreviver abrindo mão de seus braços e operações secundárias em geral.

Na opinião de Antunes, a decisão, embora ainda não tenha sido finalizada e publicada em acórdão definitivo por parte do Supremo, já produziu alguns efeitos práticos e nocivos para o interesse público. “Um deles foi a venda da TAG da Petrobras, que se deu imediatamente após o julgamento”, cita.

O jurista se refere à venda de uma das subsidiárias mais importantes da Petrobras, a Transportadora Associada de Gás S.A, que detém mais de 4,5 mil quilômetros de gasodutos, localizados principalmente nas regiões Norte e Nordeste. O transporte de gás é considerado questão estratégica e de soberania nacional no mundo todo. No Brasil, o repasse da TAG para o controle de grupos da França e Canadá movimentou expressivos 8,6 bilhões de dólares – ou mais de 34 bilhões de reais à cotação de hoje da moeda estadunidense.

Com a venda da empresa, a Petrobras passará a pagar pelo uso dos gasodutos que anteriormente lhe pertenciam. A tendência é que, com alguns anos de uso, a companhia pagará aos novos controladores da TAG um valor equivalente ou superior ao recebido com a venda – situação semelhante à vivenciada pela Petrobras com a privatização da Nova Transportadora do Sudeste (NTS).

Além da Petrobras, os governos estaduais já se apressaram após a decisão para acelerar seus programas de privatizações, alegadamente a fim de diminuir os déficits públicos e focar nas atividades principais do Estado – como Saúde, Educação e Segurança. Uma história que o país já assistiu em décadas passadas e que não resolveu nem as questões das contas públicas e muito menos dos serviços prestados pelo governo.

Concessões unilaterais

Na avaliação de Batista Júnior, o atual governo adota medidas que não obedecem a um projeto nacional, com acordos comerciais que levam a uma perda adicional da soberania do país, muitas vezes expressando concessões unilaterais por parte do Brasil. “A integração desse governo se dá sob o signo de uma integração subordinada”, explica o economista.

Ao analisar o recente acordo firmado entre União Europeia e Mercosul, ele explica tratar-se um acordo muito vasto e complexo. Segundo ele, apenas com base nos contornos gerais já divulgados, não se tem noção do tamanho dos problemas que poderão ser trazidos, além de ser fundamental que o Congresso Nacional receba do Executivo todas as informações envolvidas.

O economista avalia se tratar de um tipo de acordo no modelo tentado com a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), que não vingou, quando proposta na década de 1990 pelos Estados Unidos, como projeto para todos os países da região.

Nesse tipo de acordo, os governos em geral (especialmente os mais subordinados) amarram suas políticas internas a fim de obterem concessões bastante limitadas no campo comercial.

“O acordo entre Mercosul e União Europeia aprovado no final de junho não é diferente na sua essência. Ele cria muitos riscos. E não pode ser considerado um acordo de livre comércio”, acrescenta o economista, destacando que muitas áreas importantes do comércio entre os blocos não foram liberalizadas pelo acordo. Além disso, ele alerta, que para entrar em vigor, o acordo precisará da aprovação dos parlamentos do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, os quatro membros fundadores do Mercosul.

Terceirização e cachorro quente

Ao lado dos altos índices de desemprego e de desalento, da subutilização e da informalidade, as questões envolvendo a precarização e terceirização dos empregos tendem igualmente a marcar a gestão de Bolsonaro. Para o coordenador do Dieese, a Lei da Terceirização (13.429/2017) ainda vai trazer muitos impactos nesse sentido. A terceirização das atividades-fim tende a trazer uma desestruturação dos direitos em geral, aproximando o trabalhador informal do contratado.

Fausto Augusto Júnior explica que, algumas décadas atrás, a informalidade era dada como uma característica inata da economia brasileira, e que depois o desemprego e a informalidade passaram a ser considerados como formas de se controlar a inflação. Nos governos de Lula e Dilma, foi feita uma aposta no sentido de se incentivar a formalização, inclusive como mecanismo de financiamento e melhoria das contas da Previdência Social.

O momento atual, contudo, é de aumento da informalidade, no Brasil e no mundo. Ao ser perguntado se as barraquinhas de cachorro quente, na década de 1990, estavam para a informalidade, assim como os carros de Uber estão para o atual período enfrentado pelos trabalhadores brasileiros, ele destaca que, no caso do cachorro quente, o trabalhador normalmente era dono de sua força de trabalho e dos seus meios de produção. “Hoje, ele paga royalties do seu trabalho para a empresa, é ela que define as tarifas, que faz a mediação com o cliente etc”, compara.

O coordenador do Dieese aponta haver uma mudança muito grande do ponto de vista tecnológico por trás de todas essas alterações relativas à informalidade. “O Uber é a informalidade padrão classe média. Não é o menino vendendo bala no trem”.

Para ele, as crescentes dificuldades impostas pelo governo ao financiamento das entidades de representação dos trabalhadores, assim como a busca por tornar as normas de segurança do trabalho mais brandas, afirmam-se como questões de grande importância na atual conjuntura.

“As normas de segurança existentes no país foram todas negociadas e redigidas de forma tripartite, envolvendo trabalhadores, empresas e governo”, explica. O coordenador de Educação do Dieese considera que “a visão de que essas normas atrapalham, que não deveriam existir, é defendida por um grupo de visão muito atrasada”. Para Fausto, essa visão “tacanha” representa um Brasil atrasado, e o ataque à segurança e direitos dos trabalhadores pode gerar inclusive barreiras ao comércio mundial do país.

O representante do Dieese destaca que o capitalismo busca produzir (e reproduzir a riqueza) onde isso custa menos para ele. E que as normas de segurança regulamentam isso. “Não é possível que as pessoas continuem perdendo pedaços do corpo, [sofrendo] mutilações, soterramentos, quedas, morrendo em seu ambiente de trabalho, e ainda se alegue que as normas são muito rígidas e prejudiciais aos empresários. “Sem controle do Estado e fiscalização da sociedade, o que a gente acompanha, muitas vezes, é o retrato da barbárie. E não estamos falando de empresas pequenininhas, estamos falando de multinacionais, de grandes empresas”, denuncia.

Balança pró-capital

O coordenador de Educação do Dieese ressalta, por fim, que a Política de Valorização do Salário Mínimo consolidou-se como a principal política de distribuição de renda no país nos governos liderados pelo Partido dos Trabalhadores (PT) – mais até que o Bolsa Família, que trata ainda de outras questões de enorme importância em sua concepção, para além da distribuição de renda. “A valorização do salário mínimo altera de forma substancial as condições de vida das famílias dos trabalhadores”, e de forma escalonada, não repentina e concentrada em um único momento, explica Fausto.

“Desde o governo Temer, a política praticamente não existe mais, e o governo Bolsonaro anunciou que pretende acabar de vez com ela”. Com a chegada ao poder de Michel Temer, a medida foi alterada e os aumentos do salário mínimo passaram a somente repor a inflação, sem considerar também a questão do crescimento do PIB. “Sem a política de valorização, a tendência é o salário mínimo se desvalorizar”, lamenta.

A balança da distribuição de renda entre capital e trabalho pendeu para os trabalhadores nos governos de Lula e Dilma, especialmente no de Lula. Foram governos em que os bancos e o setor privado também ganharam muito dinheiro, mas em que houve políticas que buscaram efeitos distributivos. Atualmente, a balança da distribuição de renda volta a pender para o grande capital e para os setores mais ricos da sociedade.

Para o coordenador do Dieese é algo sem futuro. “Não existe mágica. As pessoas precisam ganhar dinheiro, comprar produtos e serviços das empresas. Valorizar o trabalho é valorizar o consumo. Infelizmente, essa não é a visão do ministro Guedes”, finaliza.

Fonte: Brasil247

Caetano Veloso – Um comunista

Caetano Veloso – Um comunista

Um mulato baiano, Muito alto e mulato Filho de um italiano E de uma preta hauçá Foi aprendendo a ler Olhando mundo à volta E prestando atenção No que não estava a vista Assim nasce um comunista Um mulato baiano Que morreu em São Paulo Baleado por homens do poder militar Nas feições que ganhou em solo americano A dita guerra fria Roma, França e Bahia

Os comunistas guardavam sonhos Os comunistas! Os comunistas! O mulato baiano, mini e manual Do guerrilheiro urbano que foi preso por Vargas Depois por Magalhães Por fim, pelos milicos Sempre foi perseguido nas minúcias das pistas Como são os comunistas? Não que os seus inimigos Estivessem lutando Contra as nações terror Que o comunismo urdia Mas por vãos interesses De poder e dinheiro Quase sempre por menos Quase nunca por mais

Os comunistas guardavam sonhos Os comunistas! Os comunistas! O baiano morreu Eu estava no exílio E mandei um recado: “eu que tinha morrido” E que ele estava vivo, Mas ninguém entendia Vida sem utopia Não entendo que exista Assim fala um comunista Porém, a raça humana Segue trágica, sempre Indecodificável Tédio, horror, maravilha Ó, mulato baiano Samba o reverencia Muito embora não creia Em violência e guerrilha Tédio, horror e maravilha Calçadões encardidos Multidões apodrecem

Há um abismo entre homens E homens, o horror Quem e como fará Com que a terra se acenda? E desate seus nós Discutindo-se Clara Iemanjá, Maria, Iara Iansã, Catijaçara O mulato baiano já não obedecia As ordens de interesse que vinham de Moscou Era luta romântica Ela luz e era treva Venta de maravilha, de tédio e de horror Os comunistas guardavam sonhos Os comunistas! os comunistas!

Caetano Veloso denuncia ataque de garimpeiros a indígenas Waiãpis

Indígenas que fugiram para aldeia vizinha para se proteger da invasão à demarcação dos dos Waiãpi, no Amapá Foto: Reprodução/27-7-2018
Indígenas Waiãpi em fuga por ameaça de invasores/julho de 2019

O cantor e compositor Caetano Veloso foi às redes sociais para denunciar o ataque de garimpeiros a indígenas da etnia Waiãpi, no estado do Amapá, que resultou na morte de um líder indígena.

De acordo com a denúncia à PF, feita com o apoio do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o assassinato de Emyra Waiãpi ocorreu na última quarta-feira (24), durante um ataque à aldeia Mariry. 

Caetano pediu a intervenção do governo na invasão: “Peço às autoridades brasileiras que, em nome da dignidade do Brasil no mundo, ouçam esse grito [dos waiãpis]”. 

Comissão interamericana de direitos humanos faz cobranças sobre invasão de terra indígena

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) mostrou preocupação com a invasão de um grupo de garimpeiros à terra indígena Waiãpi, localiza em Pedra Branca do Amapari, no Amapá. Conforme revelou o Congresso em Foco, cinquenta homens armados tomaram a área de demarcação entre sexta-feira (26) e sábado (27), gerando um clima de conflitos na região; um cacique foi morto pelos garimpeiros.

Congresso em Foco – Acuados, os índios se refugiaram na comunidade vizinha Aramirã. Além disso, pediram a intervenção da Polícia Federal (PF) e ameaçam atacar os invasores, caso não sejam retirados da área pelas autoridades. O Batalhão de Operações Especiais (Bope) foi deslocado para controlar a situação.

Em nota, a Fundação Nacional do Índio (Funai) afirmou que a situação é delicada. “Com base nas informações coletadas pela equipe em campo, podemos concluir que a presença de invasores é real e que o clima de tensão e exaltação na região é alto”, relatou a Funai.

Acionado pelas lideranças indígenas da região, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que os índios se preparam, na comunidade vizinha Aramirã, para expulsar os 50 garimpeiros instalados na aldeia.

O confronto ocorre em meio ao crescimento da expansão dos focos de garimpo ilegal na região Norte, assim como o aumento do desmatamento, conforme constatou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O presidente Jair Bolsonaro defende a exploração de minério em áreas indígenas e ambientais, aumentando a histórica tensão entre garimpeiros e indígenas. “Quem vive do crime se sente protegido em poder invadir terra indígena”, prevê Randolfe.

Em um vídeo distribuído em grupos das redes sociais, o cantor Caetano Veloso apelou às autoridades brasileiras para que atendam ao chamado de socorro dos índios Waiãpi. “Eu peço às autoridades brasileiras que, em nome da dignidade do Brasil e do mundo, ouçam esse grito”, afirmou.

Acompanhamento dos fatos

O Ministério Público Federal do Amapá informou que está acompanhando o desenrolar da invasão de garimpeiros nas terras indígenas, junto com a Polícia Federal (PF) e representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Fonte: Brasil247

Ruth de Souza (*1921 + 2019)

Ruth de Souza (*1921 + 2019)

RUTH DE SOUZA: A REPRESENTAÇÃO DA MULHER NEGRA

por Kauê Vieira

Aos 95 anos, Ruth de Souza acumula mais de 25 peças teatrais e 30 novelas. (Foto: Kadão Costa/Estúdio Líquido/Reprodução

O Brasil é reconhecido internacionalmente por sua dramaturgia e os negros, especialmente as mulheres negras, tiveram atuação decisiva no sucesso de telenovelas e peças de teatro. Quem não se lembra dos papéis marcantes interpretados pela atriz carioca Zezé Motta em Xica da Silva ou como Dandara no filme de Quilombo, de Cacá Diegues? É importante dizer que Dandara, além de esposa de Zumbi, foi uma das mais importantes figuras de resistência negra no Quilombo dos Palmares ao liderar grupos de mulheres e homens pela libertação total dos negros escravizados. Outra figura fundamental na história da interpretação brasileira é Ruth de Souza.

Nascida em 1921 em Engenho de Dentro, bairro da periferia carioca, Ruth Pinto de Souza é filha de Sebastião e Alaíde Pinto de Souza. Logo após seu nascimento, ainda muito pequena, se mudou para Minas Gerais onde viveu num sítio ao lado dos irmãos Maria e Antônio. O sonho de se tornar atriz a acompanha desde a primeira infância. Aos nove anos e após o falecimento do pai, fato que fez com que a família retornasse ao Rio, Ruth foi ao cinema se encantou com a arte de interpretar. Ao lado da mãe assistiram Tarzan, O Filho da Selva. A menina deixou a sala de cinema decidida, queria ser atriz. Seguiu em frente mesmo com os avisos de que nunca chegaria ao objetivo por causa de sua cor de pele. Isso mesmo, por causa de sua ligação direta com a ancestralidade africana, Ruth de Souza, segundo alguns, não conseguiria realizar o sonho de se tornar atriz.

Acompanhada pelo grande amigo Grande Otelo em cena de ‘Sinhá Moça’. (Foto: Reprodução) 

O tempo foi passando, Ruth crescendo e aos poucos derrubando os obstáculos impostos por um pensamento racista que dominava e teima em se manter vivo no Brasil. No ano de 1944 decide estudar teatro e ao tomar conhecimento do Teatro Experimental do Negro (TEN) criado por Abdias do Nascimento, a jovem aspirante a atriz encontra um início para sua caminhada. O Teatro Experimental do Negro surge com objetivo de pensar uma nova dramaturgia, abrindo espaço para os atores e atrizes negras e também para colocar um fim no que ficou conhecido nos dias de hoje como black face, quando um ator branco é pintado de negro para assim interpretar um personagem afrodescendente. Seu primeiro espetáculo como membra da companhia foi em 1945 na peça O Imperador Jones, onde interpreta uma escrava. Nos anos 1940, Ruth de Souza ainda contracenou com quem se tornaria um grande amigo, Grande Otelo, com quem dividiu a cena em filmes da antiga produtora Atlântida.

Contudo, sua carreira começou a ganhar corpo na década de 1950, tempo em que Ruth estudou teatro nos Estados Unidos e ao retornar para o Brasil se destacou no cinema e no teatro, tendo encenado peças escritas por Nelson Rodrigues e contracenado com Sérgio Cardoso.  Em 1951 estrelou o filme Sinha Moça, um dos mais marcantes da dramaturgia brasileira. No longa Ruth interpretou Sabina, papel que lhe rendeu o prêmio Saci, entregue aos melhores nomes do cinema nacional pelo jornal O Estado de São Paulo.

Outro ponto alto de sua trajetória foi quando viveu Carolina Maria de Jesus, considerada um dos maiores nomes da literatura brasileira. Em um dos trabalhos mais importantes de sua carreira, Ruth de Souza protagonizou o espetáculo Quarto de Despejo, homônimo do principal livro escrito por Carolina Maria. A TV surgiu em sua vida a partir de 1965, tempo que trabalhou na Tupi, Record e mais tarde na TV Globo. Na lista estão novelas como O Bem Amado, de 1973, Sinhá Moça, de 1986 e O Clone, de 2001.

Aos 95 anos, Ruth de Souza acumula mais de 25 peças teatrais e 30 novelas. Agraciada com o prêmio de melhor atriz no tradicional Festival de Gramado, Ruth de Souza é a representação viva da gana e garra das mulheres negras do Brasil. É pioneira, é uma diva da dramaturgia!

“É difícil a gente descrever a si própria, mas eu diria que sou maravilhosa.”

Fonte: Afreaka