Angustia e o seu vazio interior

Angústia

Angústia

Chamamos de angústia a forte sensação psicológica, caracterizada por “abafamento”, insegurança, falta de humor, ressentimento e dor. Na moderna psiquiatria é considerada uma doença que pode produzir problemas psicossomáticos.

A angústia é também uma emoção que precede algo (um acontecimento, uma ocasião, circunstância), também pode-se chegar a angústia através de lembranças traumáticas que dilaceraram ou fragmentaram o ego.

Angústia quando a integridade psíquica está ameaçada, também costuma-se haver angústia em estados paranoicos onde a percepção é redobrada e em casos de ansiedade persecutória.

A angústia exerce função crucial na simbolização de perigos reais (situação, circunstância) e imaginários (consequências temidas).

Filosofia

No tocante à análise do problema da angústia, Arthur Schopenhauer nos apresenta em sua filosofia uma visão extremamente pessimista da vida: para ele, viver é necessariamente sofrer. Por mais que se tente conferir algum sentido à vida, na verdade, ela não possui sentido ou finalidade alguma. A própria vontade é um mal. Nós queremos vencer, desejamos vencer. Mas a vontade gera a angústia e a dor e, os mais tenros momentos de prazer, por mais profícuos que possam vir a ser, são apenas intervalos frente à infelicidade.

É com base em Schopenhauer que um outro pensador alemão, Friedrich Wilhelm Nietzsche, concluiu que, dentre todos os povos da Antiguidade, os gregos foram os que apresentaram maior sensibilidade para compreender o sofrimento e a tragicidade da existência humana, como que permeada pela dor, solidão e morte. No entanto, os mesmos gregos criaram uma sociedade baseada no princípio do equilíbrio: nada em demasia como forma de combater todos os nossos instintos e paixões. A arte é concebida, nesta concepção da vida, como catarse. Assim surgiram as tragédias gregas que, enquanto arte da representação e da aparência, nos colocam ainda hoje em contato com toda a tragicidade e angústia de nossa existência. Segundo Nietzsche é preciso ter consciência de que a vida é sim uma tragédia, para que possamos desviar um instante os olhos da nossa própria indigência, desse nosso horizonte limitado, colocando mais alegria em nossas vidas. A arte tem essa função.

Jean-Paul Sartre, filósofo francês contemporâneo, representante maior da corrente existencialista, defendeu que a angústia surge no exato momento em que o homem percebe a sua condenação irrevogável à liberdade, isto é, o homem está condenado a ser livre, posto que sempre haverá uma opção de escolha: mesmo diante de A, pode optar por escolher não-A. Ao perceber tal condenação, ele se sente angustiado em saber que é senhor de seu destino.

Psicanálise

Sigmund Freud, pai da Psicanálise, realizou estudos sobre o problema da angústia. Ele afirmou que vivemos um profundo mal-estar provocado pelo avanço do capitalismo. Neste ínterim, se faz mister observar o quão suscetível o Ocidente está às doenças próprias desse sistema econômico, tais como a esquizofrenia. Contudo, a mais eminente colaboração da Psicanálise para essa temática pode ser percebida na sua análise do aparelho psíquico: um conflito interno entre três instâncias psíquicas fundamentais ao equilíbrio do ser: as vontades (Id) vivem em constante atrito com o instinto repressor (Superego). O balanço entre as vontades e as repressões tem que ser buscado pelo Ego, a consciência. É o Ego que analisa a possibilidade real de por em prática uma ação desejada pelo Id. Não obstante, controla o excessivo rigor imposto pelo Superego. A esse conflito entre o Id e o Superego, Freud denominou angústia. Cabe ao Ego, portanto, a busca de um equilíbrio entre estas partes do psíquico e, não obstante, entre o sujeito e o todo social.”

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Angústia todos nós temos. É normal, é do ser humano. O problema é quando esta angústia é permanente. A partir daí ela passa a ser uma neurose de angústia. Saiba o que é e como tratar!

São tantas emoções, tantos problemas e situações as quais temos que nos adaptar, aceitar, corrigir, tentar, seguir em frente, etc. E, muitas vezes, não damos conta de tantas emoções. É aí que aparece a angústia, esse sentimento e essa sensação de dor (não necessariamente física) e de sufocamento que, para algumas pessoas, é insuportável. A angústia faz parte da nossa vida. Em algum momento vamos nos deparar com ela. O que não pode é uma angústia permanente e, muitas vezes, sem um motivo aparente.

Sintomas

Dois sintomas podem ser vistos com mais frequência naqueles que padecem de neurose de angústia:

  • Irritabilidade – A grande excitação presente nos indivíduos com neurose angústia acaba por gerar uma irritabilidade que, muitas vezes, pode ser incontrolável.
  • Ataques de ansiedade – Transforma o indivíduo em refém de sensações compulsivas. Ele tem uma visão pessimista do que vê em volta. Ele pode se tornar um hipocondríaco (estado psíquico onde o indivíduo acredita padecer de uma doença grave) o que afeta sua vida sexual. Acreditando estar doente, o indivíduo perde o interesse pelo sexo. Outra consequência desses ataques de ansiedade é o desenvolvimento de fobias, histerismo e melancolia.

Além disso, observa-se também sintomas físicos e fisiológicos como tremores, taquicardia, suor excessivo, tremores, dentre outros.

Tratamento

O tratamento deve ser individualizado, por isso somente um profissional pode dar um parecer sobre a melhor forma de tratar a neurose de angústia. Mas, em geral, o tratamento consiste em psicoterapia acompanhada, se necessário, de medicação ansiolítica (tranquilizantes e antidepressivos).

A neurose de angústia causa sofrimento e por isso deve ser tratada. Se você conhece alguém que padece deste mal, ajude-o a se tratar e se reencontrar. A vida já nos oferece muitas situações que vão gerar angústia (as quais temos total capacidade de vencer), não precisamos criar mais.

Angústia

Diferentemente do medo ou da ansiedade, que são experimentados pela maioria das pessoas, a angústia acomete menos de 50% da população. “Em geral, meus pacientes relatam uma agonia mental sem gatilho aparente, atrelada a um sufoco semelhante ao da asma, e uma dor ou compressão no peito”, descreve o psiquiatra Valentim Gentil.
Incentivar o diagnóstico e um tratamento personalizado é a proposta de Gentil, que assina o artigo intitulado “Why Anguish?” – em português, Por que angústia? -, divulgado na publicação científica inglesa Journal of Psychopharmacology. Isso porque, nas discussões entre especialistas do mundo todo, o sentido dessa emoção se esvaziou ao longo do tempo. E frequentemente ela é confundida com o distúrbio de ansiedade ou de pânico. “Mas são comportamentos mentais diferentes, com padrões de ativação cerebral distintos”, defende Gentil. “A ansiedade é uma apreensão exagerada em relação ao futuro, enquanto a angústia é um sofrimento relacionado ao presente.”
“Meus pacientes costumam levar as mãos ao peito e reportar um sentimento de vazio. Sentem conflitos diante das inúmeras possibilidades de escolhas no dia a dia e questionam o sentido de sua existência”, conta a psicanalista paulistana Maria de Lourdes Félix, que auxilia Gentil nas pesquisas sobre a face psicológica da angústia. “Em casos extremos, essas pessoas são dominadas pela introversão. Elas perdem a capacidade de análise, de lidar com o cotidiano, de interagir socialmente. Ficam paralisadas.”
À luz do filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard (1813-1855), a psicóloga Marília Dantas, da Universidade Estácio de Sá, em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, traduz o mal-estar: “O ser humano sente desamparo, incerteza, falta de controle diante da liberdade de decidir. Optar por um caminho significa correr riscos, abrir mão das alternativas. Isso é angustiante”.
Reconhecer um quadro de angústia é uma função que cabe a especialistas. Mas os angustiados de plantão podem contribuir, fornecendo detalhes de como se sentem, perguntando, por exemplo, o que é angústia para você? As respostas variaram. “É pensar como seria minha vida se eu tivesse estudado psicologia.” Ou “É um beco sem saída dentro do peito”. Ou ainda “É uma incerteza sobre as consequências das decisões que tomei”.
Infelizmente, a maioria dos angustiados só procura ajuda especializada quando a sensação ruim beira o insuportável. “Eles chegam ao pronto-socorro com dor e opressão no tórax, peso e desconforto no peito”, confirma o cardiologista César Jardim, supervisor do pronto-socorro do Hospital do Coração, em São Paulo. Os sintomas se assemelham aos de problemas cardiológicos, como infarto. “Mas os problemas cardiovasculares só se confirmam em 30% dos casos”, estima. Ele conta que, depois de realizar exames e apontar que o sujeito está em condições perfeitas de saúde, os pacientes confessam que vêm se sentindo nervosos e… angustiados.
Quando é assim, excluída a presença de doenças físicas, o passo seguinte deveria ser a visita a um psiquiatra. “Há hipóteses de que a angústia seja desencadeada por uma maior ativação de uma região chamada ínsula, no córtex cerebral, relacionada à percepção de funções viscerais, como as do coração, do diafragma e dos pulmões”, explica Valentim Gentil. “Por isso, acreditamos que suas vítimas possam responder bem a calmantes chamados benzodiazepínicos, a alguns antipsicóticos e a uma classe de antidepressivos conhecida como tricíclicos”, continua. “A imipramina é um dos principais medicamentos desse grupo e se mostra eficaz, apesar de promover eventuais efeitos colaterais, como tonturas e alterações cardíacas”, completa seu colega Jair Mari, da Universidade Federal de São Paulo. Essa droga modula neurotransmissores como a noradrenalina, substâncias que agem no cérebro e controlam as emoções.
O ideal é complementar o tratamento com o de um psicólogo ou psicanalista. “Trabalhamos o desenvolvimento emocional, fazendo com que o paciente reflita e traduza seus pensamentos, criando condições para contornar sentimentos que julga insuportáveis”, explica Maria de Lourdes. A angústia é um problema de saúde e necessita de acompanhamento. Se ela anda sufocando-o, chega de sofrer em silêncio: busque auxílio e afrouxe, de vez, esse nó dentro do peito.

Fontes: wikipedia.org, doutissima.com.br, http://mdemulher.abril.com.br

2 comentários em “Angustia e o seu vazio interior

  1. profsp

    “Estava mais angustiado que um goleiro na hora do gol/Quando você entrou em mim como um Sol no quintal/
    Aí um analista amigo meu disse que desse jeito/Não vou ser feliz direito/Porque o amor é uma coisa mais profunda que um encontro casual/Aí um analista amigo meu disse que desse jeito/Não vou viver satisfeito/Porque o amor é uma coisa mais profunda que um transa sensual” (Divina comédia humana – Belchior)

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