Atleta do Botafogo vestibulando faz dever de casa no vestiário e sofre bullying dobrado

Atleta do Botafogo vestibulando faz dever de casa no vestiário e sofre bullying dobrado

Verdini

Com 18 anos e há 11 deles no Botafogo, Verdini é tratado com muito cuidado no clube. Capitão em todas as categorias de base, o zagueiro ainda está nos juniores, embora faça uma espécie de estágio nos profissionais. Mesmo com o talento dentro de campo, o que mais chama atenção no jovem atleta é seu perfil fora das quatro linhas. Ao contrário da maioria dos jogadores, ele sempre foi incentivado pela família para seguir firme nos estudos.

E não somente por fazer. Formado em inglês após sete anos de curso, ele concluiu o ensino médio e, mesmo próximo de ser promovido aos profissionais, Verdini decidiu não parar de estudar. Criado na Freguesia, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro, ele prestou vestibular e foi aprovado para o curso de educação física na UFRJ – universidade pública e bastante concorrida no Rio.

Ele encontrou muitas dificuldades para manter as duas situações – futebol e estudos. Após cada treino, Verdini comia quentinhas no carro para chegar em tempo às aulas no colégio ou curso de inglês. Fazer dever de casa no vestiário e estudar para provas em viagens era rotina para o zagueiro.

“Muitos falam que ser jogador e se dedicar aos estudos é impossível, mas não sabem o que estão falando. Sou formado no ensino médio, em inglês, que estudei 7 anos. Então sou um cara que jogo bola mas converso sobre qualquer assunto, sabe?”, disse Luis Verdini.

“Mas para conseguir precisa de muito esforço e dedicação. Cansei de fazer dever de casa nos vestiários, estudar nas viagens, comer quentinha no carro depois do jogo para dar tempo de chegar nas aulas. Não foi fácil”, completou.

O tempo não foi a única dificuldade enfrentada. Antes fosse. Pertencente a duas classes distintas, Verdini teve que administrar o preconceito tanto de companheiros de futebol como de colegas estudantes.

No colégio, tinha que fugir do estereótipo criado que jogador de futebol é burro. Essa questão, inclusive, tira Verdini do sério, já que ele prova que essa não é uma verdade absoluta. Já no clube, o zagueiro teve que aturar a gozação dos companheiros de time, que nas concentrações jogavam videogame enquanto ele estudava para as provas.

“Fico muito incomodado com o preconceito que sofri por ser jogador e estudante ao mesmo tempo. As pessoas não sabem o que falam. Acham que vida de jogador é mole, que a gente não passa por dificuldades, que não abrimos mão das coisas. Mas a verdade é que é muito difícil. Acordo todo dia as 6h da manhã, com chuva ou com sol para correr atrás de uma bola. Sei que milhões de pessoas querem a mesma coisa que eu. É uma pressão muito forte e nem sempre levam isso em consideração”, afirmou.

“Eu sofri bastante com esse preconceito, todo mundo que faz isso sofre, não tem jeito. Eu sofri porque sempre fui diferente. Sempre estudei muito, fiz curso de inglês, me dediquei ao máximo. E estranham isso sabe? O preconceito existiu de ambos os lados, é difícil dizer quem é mais. Acho que os estudantes, embora seja diferente. Com inteligência e a força da família consegui ignorar essas pessoas que não te fazem bem”, acrescentou.

Fonte: Uol Esporte

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.