Desde que passou a receber ameaças de morte, a líder quilombola instalou câmeras no terreiro e o crime foi gravado
Igor Carvalho -São Paulo | SP | 18 de Agosto de 2023
Passava de 20h quando Jurandir Pacífico recebeu a notícia da morte de sua mãe, Maria Bernadete Pacífico, líder do Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, região metropolitana de Salvador, na Bahia.
“Eu tinha acabado de falar com minha mãe, ela me pediu pra levar uma garrafa térmica, eu disse que não iria, estava chovendo muito em Salvador”, disse Jurandir ao Brasil de Fato.
“Meu sobrinho ligou, ele presenciou tudo. Ela morreu na frente dos dois netos. Ele me ligou com urgência, pedindo pra eu ir pra lá.”
Quando chegou ao local, Jurandir ainda encontrou o corpo de sua mãe. “Crime com requinte de crueldade, execução, executaram meu irmão e agora minha mãe. Crime de execução”, lamenta.
De acordo com o relato dos familiares de Bernadete, dois homens chegaram de moto ao local e entraram de capacete no terreiro. Quando encontraram a líder quilombola, dispararam diversas vezes, na frente dos três netos.
O crime foi gravado pelas câmeras do terreiro. De acordo com Jurandir, as imagens foram entregues à Polícia Civil. Desde que passou a receber ameaças, em 2021, Mãe Bernadete mandou instalar câmeras em sua casa e no terreiro.
Nos últimos anos, Bernadete lutava para que os mandantes do assassinato do seu filho, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, conhecido como Binho do Quilombo, em 2017, fossem conhecidos.
“Há cinco anos, teve um grande empreendimento que custou a vida de meu irmão, custou a vida de Binho. Binho foi lá, bloqueou a obra e no dia seguinte morreu”. O “empreendimento” a que se refere Jurandir é um aterro sanitário, o Águas Claras Ambiental, do Grupo Solvís Essencis. O Brasil de Fato procurou a empresa, mas não recebeu resposta até o momento. Caso haja, o texto será atualizado.
Desde 2021, Bernadete afirmava sofrer ameaças de morte. Para Jurandir, por trás dos ataques está a especulação imobiliária na região. “Aqui, dentro do quilombo, tem empreendimento para todo lado.”
Para Vercilene Dias, coordenadora jurídica da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq), “as ameaças que dona Bernadete denunciava era dos empreendimentos que queriam atuar dentro do território, inclusive o empreendimento que deu fim a vida do filho dela, que era o aterro sanitário.”
Biko, coordenador nacional da Conaq, falou sobre o conflito fundiário em Simões Filho. “Os quilombos são a fronteira que impede a voracidade do capital. Não fosse essa fronteira, o capital já teria destruído tudo. Nossas áreas são assediadas pelo agro e pela especulação imobiliária.”
Sobre a morte de Bernadete, Biko afirmou: “É uma notícia muito grave e triste, é a perda de uma liderança e de uma mulher de terreiro, que tinha sua luta travada no território. Veja, ela perdeu o filho há seis anos defendendo o território.”
“Para nós, é importante dizer que o governo e o Estado brasileiro façam, de fato, a regularização dos territórios quilombolas. Não podemos continuar perdendo os nossos. O presidente Lula precisa tomar medidas urgente e colocar na rua uma política para o povo quilombola.”
Que loucura é esta? Por que estes trogloditas vivem entre nós? Quando vamos parar estes monstros? Eu amava futebol. Pelo menos achava que amava. Fizeram o futebol virar um meio de ganhar muito dinheiro e ludibriar bilhões de pessoas. Prefiro ficar fora deste jogo de cartas marcadas que pouco se importa com as baixas das guerras. Já tive meus ídolos no futebol. Aprendi com alguns coisas pra minha vida toda. Eles não eram assim tão fascinados por cifrões. Também não eram tantos. Uns NEM eram tão craques assim.
Vi e vivi algumas tragédias no futebol. Não foram momentos agradáveis. Eles me afastaram dos campos, dos estádios, das tevês, dos debates. Talvez isto tenha salvado minha vida.
O futebol levou pra longe a palmeirense Gabriela, 23 anos . Ficaram a família, amigos, colegas, conhecidos, desconhecidos, todos tristes. Uns comovidos, uns indiferentes, uns alheios, uns desconhecidos, bilhões de ignorantes.
Não podemos devolver a vida a menina palmeirense nem às outras vítimas do futebol. Seus dirigentes desumanos preferem ouvir os empresários espertos que praticam a escravização contemporânea . Compram e vendem pessoas como mera mercadoria. Já praticam o neoliberalismo que já contam com os prejuízos.
Vivemos tempos de muita desumanidade. Sempre fomos desumanos. Sempre tivemos tempos de violência. Sem hipocrisia, a violência também é entretenimento para muitos. É igualmente fonte de renda para espetáculos televisivos.
Não há palavras que aliviem a dor das pessoas que perderam a Gabriella.