Celulares: a irritação constante para o cérebro

Celulares: a irritação constante para o cérebro

Se você já teve que ler um parágrafo de texto por mais de 10 vezes é porque a pessoa que está sentada ao seu lado (pode ser no metrô, ônibus, café, padaria ou até no restaurante) está falando constantemente ao celular.

celular

E, posso dizer?… Bem-vindo ao “clube” nada seleto de pessoas incomodadas que cresce a cada dia.

Uma pesquisa americana mostra que conversas ao celular são, de longe, um dos sons mais irritantes do mundo moderno. De acordo com os pesquisadores, nada incomoda mais alguém do que ouvir um diálogo parcial de um desconhecido.

Na pesquisa, um grupo de participantes tinha que inicialmente fazer algo simples como, por exemplo, ter que completar palavras cruzadas. Na primeira vez eles faziam isso em completo silêncio e, na segunda, eram expostos simultaneamente a conversas de terceiros ao celular.

Os resultados?… Os participantes lembravam mais das conversas que ouviam ao redor do que das palavras cruzadas (incompletas por sinal).

Isso quer dizer que ouvir apenas uma parte de uma conversa, que nos parece sem pé nem cabeça, deixa nosso cérebro extremamente estressado, pois ele tenta unir informações que não sabe ainda por completo – um mecanismo mental que busca finalizar significados inacabados.

Bem, mas se a conversa ao nosso lado fosse entre duas pessoas presentes, qual seria o resultado? Mais estresse? Não, muito pelo contrário. Nesse caso nosso cérebro consegue entender o que é falado, “dando sentido” e fazendo com que progressivamente nos desliguemos desse estímulo.

Portanto, ouvir diálogos disruptivos ao nosso lado (aquele onde você só ouve um lado da conversa) tem o poder de embaralhar algumas funções cognitivas de nosso cérebro.

“Meiálogo”, o meio diálogo

Ocorre que, quando ouvimos somente uma parte da conversa, nossa atenção fica ligada e “presa” ao suposto diálogo, imaginando o contexto que levou àquela determinada fala (ou o que a pessoa do outro lado da linha teria dito).

E, como tudo rapidamente ganha um nome, aqui não poderia ser diferente: Esse processo já tem um nome em inglês: “halfalogue” (uma tradução aproximada seria “meiálogo”, ou seja, um meio diálogo). A palavra já ganhou até um verbete explicativo no NY Times.

De acordo com os pesquisadores americanos, o estresse causado por esse tipo de evento é similar ao de esperar um trem que se atrasou ou de estar preso em um lugar sem poder sair.

Os pesquisadores americanos concluem dizendo que, aos poucos, precisamos ensinar nosso cérebro entender esses “halfalogues” ou “meiálogos” como eles são: apenas um ruído.

Assim sendo, na próxima vez que ouvir uma conversa de alguém ao celular, ao invés de ficar irritado, tente exatamente o oposto: aprenda a associar esses eventos a tantos outros de nosso cotidiano, ou seja, tente treinar seu cérebro. Você já faz isso sem perceber com o barulho do trânsito (que progressivamente irrita cada vez menos quem mora perto de avenidas ou ruas movimentadas), por exemplo.

É a tecnologia também nos criando alguns problemas modernos ou, se você preferir, desafiando nossos princípios biológicos mais antigos.

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A propósito do artigo, certa vez, em uma das idas para o trabalho, escrevi um poema a respeito do assunto:
4120 – Barro Branco

Deus do céu,como esta mulher é desbocada.
– Vai tomar no pi! daqui.
– Filho da pi! prá lá.
E por fim.
-Fica com Deus!
Xingou Deus e o mundo,
ainda mandou a amiga ficar com Ele.
Vai entender.

Se Deus quiser ,eu consigo.
Se Ele não quiser, eu tento mesmo assim.
Deus lhe pague! Estou sem condições agora.
Seja lá o que Deus quiser,
se Ele não quiser,será do mesmo jeito.
Deus ajuda quem cedo madruga.
Tem vagabundo ganhando muito acordando tarde.

Deus é onisciente.
Alguém disse que de nada sabe.
Deus é onipotente.
Parece que tem alguém com mais poder que Ele no Senado.
Deus é onipresente.
Parece que andou faltando em sessões do Congresso.

O homem é a semelhança de Deus,
esculpido em mármore Carrara.
Saiu caro demais.
Quem pagou a conta ficou enforcado até o pescoço.

Meu Deus! Quanta propina!
Deus escreve torto em linhas retas que levam ao cofre.
As chaves do cofre estão em mãos erradas.
Que Deus o tenha em bom lugar.
Então Deus quis, fez-se a Luz.
Alguém apagou pra esconder a sujeira debaixo do tapete.
Alguém sabe, ninguém viu.

A Justiça é cega, A Justiça não falha.
Eu acredito em duende. E daí?
Ela é desbocada, ela fala palavrão.
Ninguém falou pra ela ter Educação.
– Vai tomar no pi.
– Filho da pi.
– Fica com Deus.

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Fonte: Blog do Dr. Cristiano Nabuco e Orkut

1 comentário em “Celulares: a irritação constante para o cérebro

  1. igormenezes

    Eu gostei do artigo, inclusive quando estou lendo, as vezes atrapalha o barulho alheio, mas já me acostumei. Hoje também consigo ouvir música e ler ao mesmo tempo, mas as vezes gostamos do silêncio.

    O poema eu já tinha lido e gosto dele, realmente vemos muito disso.

    Abraço!

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