GCM, skatistas. Serve para ambos, educação!

Um vídeo divulgado mostra o momento em que ao menos quatro guardas civis metropolitanos se envolvem em confusão e usam spray de pimenta contra skatistas na praça Roosevelt, no centro da capital paulista. As imagens mostram um rapaz sendo imobilizado por um GCM –que não estava fardado.

GCM Praça Rooservelt

A Secretaria Executiva de Comunicação da Prefeitura de São Paulo informou que o guarda flagrado na ação à paisana era membro do Gaei. A pasta ainda disse que ele descumpriu a nova norma e será punido pelo ato, além de responder pela agressão aos skatistas.

Ontem, a Guarda Civil Metropolitana informou que não tolera condutas como a dos agentes que aparecem no vídeo e que os envolvidos foram afastados do serviço. Entretanto, não informou o nome dos envolvidos nem quantos foram punidos.

O órgão afirmou que desvios de conduta serão apurados pela Corregedoria-Geral e que atua para apurar e corrigir qualquer excesso.

No final do dia, hackers invadiram o perfil do GCM no Facebook. Membros do grupo Anonymous divulgaram informações como número do telefone celular e endereço da casa dele em uma página da rede social.

VÍDEO

O vídeo publicado na internet mostra um guarda civil metropolitano de São Paulo aplicando uma chave de braço (estrangulamento) no skatista William Matheus, 20. Duas agentes fardadas da GCM não impediram a ação do homem.

Um dos skatistas tenta ajudar Matheus, mas é impedido por uma das agentes. Quando o homem libera o jovem, uma das GCMs joga spray de pimenta em skatistas que viam a ação. O GCM à paisana também joga spray de pimenta no garoto que filmava. O agente faz ameaças, diz que Matheus jogou pedras neles e sai.

À reportagem, o rapaz negou que tenha agredido os GCMs. Segundo ele, a confusão teve início quando as agentes abordaram um rapaz que estava usando bancos de madeira para manobras –a prática, que danifica os bancos, é alvo de reclamações dos demais usuários da praça.

O rapaz teria reagido à ordem da GCM. Matheus disse que só olhava a confusão quando foi abordado por uma das agentes. “Nem sabia o que estava acontecendo. De repente o agente à paisana me imobilizou. Cheguei a ficar sem ar.” O skatista afirmou que foi algemado, encaminhado a uma delegacia e liberado.

Ameaçados com a proximidade de um posto da corporação, os esportistas se defendem. “A gente sempre andou de skate aqui, mesmo quando a praça estava abandonada. E agora que ela está em excelentes condições a gente não pode usar?”, reclama Luís Fernando Tavares, 30.

A discussão em torno da Roosevelt divide até mesmo urbanistas. “A praça é de todos, desde que os limites da urbanidade sejam respeitados”, defende Lucila Lacreta, diretora do Movimento Defenda São Paulo. “Os horários têm de ser respeitados, e a barulheira, controlada.”

Para o diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie, Valter Caldana, proibir não solucionará o impasse. “O equilíbrio será constituído com a própria utilização da praça. A reclamação dos moradores é legítima, mas só ilustra o fato de que faltam espaços públicos na cidade.”

A FAVOR DO SKATE

“Desde os anos 80 a gente anda de skate na Roosevelt. Nossa presença ali até ajudava a melhorar o ambiente”
Fábio Bitão, 38, fotógrafo e skatista

“Essa praça era abandonada, e só a gente vinha aqui. Eles dizem que a gente destrói os bancos de madeira, mas o Brasil é rico pra caramba, não é possível que uma madeira vá fazer falta!”
Luís Fernando Tavares, 30, skatista

CONTRA O SKATE

“Se não houver maneira de controlar os skatistas, queremos proibir”
Luis Cuza, 70, presidente da Associação Ação Local Roosevelt

“O barulho do skate é tremendo, de noite não dá para dormir”
Ilza Helena Carvalho, 56, moradora da região

“Eles dizem que não vão respeitar uma possível proibição. A barbárie venceu?”
Dulce Muniz, dramaturga e diretora artística do Teatro Studio 184

“Skatista não tem limite e as manobras que eles fazem são perigosas”
Rosa Maria Santi Cioli, 41, comerciante

Fonte: Folha de S.Paulo

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