A Greve ainda é o melhor instrumento de disputa por melhores condições de trabalho
Para lutar por melhores condições de vida, de trabalho e cobrar promessas,
por volta de 33 categorias profissionais decidiram por greve nesses últimos 30 dias. Às vésperas da Copa do Mundo, algumas autoridades públicas têm demonstrado preocupação com a radicalização de alguns movimentos.
É o caso do prefeito Fernando Haddad (PT), que há uma semana enfrenta uma greve de professores.
Nota da Secretaria Municipal de Relações Governamentais de São Paulo afirma
que as negociações com a categoria estavam em andamento quando a greve foi decretada. Porém, não esclareceu que o Prefeito não atendeu às reivindicações dos profissionais de Educação.
Eles reivindicam melhores condições de trabalho que auxiliem na manutenção da saúde dos profissionais da Educação e na melhoria da própria Educação : diminuição do número de alunos por sala,assistência para o atendimento aos alunos com necessidades especiais nas escolas,melhores equipamentos,mais segurança dentro do ambiente de trabalho e melhores salários.
A prefeitura se diz preocupada pela atitude do Sinpeem por causar grandes prejuízos aos alunos e suas famílias. Entretanto, ela não parece estar preocupada com a situação precária de diversas escolas municipais e sua situação de funcionamento. Ou seja, se estivesse mesmo preocupado, Fernando Haddad atenderia às reivindicações dos profissionais de Educação. Atualmente, a Greve atinge 30% das escolas.
No Rio de Janeiro, os operários que trabalham na construção do Parque Olímpico conquistaram diversos benefícios após uma greve de duas semanas e manifestações que pararam avenidas da cidade. Entre as diversas conquistas estão o pagamento de 100% a partir da segunda hora extra e tíquete-assiduidade de R$ 260 – recurso usado como estímulo ao comparecimento ao trabalho sem atrasos.
O presidente do Sindicato dos trabalhadores nas indústrias da construção Civil do Rio de Janeiro (Sintraconst),Carlos Antônio Figueiredo Souza, diz ” A greve ainda é o instrumento de luta do trabalhador” e também revela que as manifestações nas ruas e avenidas são estratégias para chamar a atenção da imprensa e mostrar a realidade dos canteiros de obras. Sem protestos ninguém presta atenção nos operários.
O professor Anselmo Luís dos Santos, diretor do Centro de Estudos Sindicais e da Economia do Trabalho (Cesit) da Unicamp, classifica o movimento sindical brasileiro como um dos mais importantes do mundo. Para ele, a política ofensiva adotada nos últimos anos resultou em ganhos salariais e aumentou a importância dos sindicatos na discussão dos rumos do país.
Balanços do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos(Dieese) constatou que 87% das unidades de negociação pesquisadas conquistaram reajustes com aumento real dos salários, 7% conquistaram reajustes em valor igual à inflação e 6% tiveram reajustes insuficientes para recompor o valor dos salários.Foram analisados os resultados das negociações coletivas de 671 categorias na indústria,no comércio e nos serviços.
Por outro lado, o professor José Pastore,da Faculdade de Economia e Administração da USP, defendeu a necessidade de modernizar o sindicalismo e resolver questões como monopólio sindical, a contribuição compulsória e a baixa representatividade.
Forças Policiais em Greve
Apesar de polêmica dentro de algumas corporações,as paralisações ocorreram. Os agentes da Polícia Federal adotaram a estratégia de parar as atividades e ir às ruas protestar.
No dia 23 de abril, pararam durante 24 horas em vários Estados e ameaçam entrar em greve durante a Copa. Criticam o sucateamento da corporação e foram às ruas com elefantes brancos para simbolizar o descontentamento com a situação da Polícia Federal.
Em Curitiba, os policiais federais entregaram um ofício no diretório municipal do PT, formalizando sua intenção.
Policiais militares da Bahia, do Rio Grande do Norte e do Amazonas fizeram rápidas paralisações em abril. Em entrevista a rádios da Bahia, a presidente Dilma Roussef criticou a realização de greves por policiais e julgou-as inadmissíveis.
Também estão em greve os vigilantes particulares do Rio de Janeiro por melhores condições de trabalho e melhores salários. Eles não escondem o uso da Copa para conquistar benefícios.”Jamais teremos oportunidade igual para acabar com a exploração” defende a diretoria do Sindicato dos Vigilantes e Empregados em Empresas de Segurança.
Fonte: Folha de São Paulo