José Wilker: Um cinema mais popular e mais político
Cássio Starling Carlos
Se algum brasileiro tivesse passado os últimos 50 anos sem ligar a TV e só indo ao cinema,seria, ainda capaz de reconhecer José Wilker.
Com sua voz inconfundível e habilidade para incorporar personagens farsescos ou figuras malignas que logo captam a simpatia , Wilker sobreviveu a mais de quatro décadas de culto a galãs sem nunca ter se tornado um.
Na TV, seu tipo anguloso, pronto para viver um mau-caráter da família ou uma mistura de fragilidade e neurose povoou devaneios e pesadelos desde os anos 1970.
Foi no cinema que Wilker construiu seu território de predileção. Cinéfilo, tinha uma coleção de dar inveja a cinematecas. E entra para a História por papéis em filmes que deram cara popular e politizada ao cinema nacional.
Antes de chegar à TV, em 1971, Com “Bandeira 2”, Wilker frequentava o cinema como aspirante a realizador. Foi aluno de um decisivo curso dado no Rio, em 1963, pelo cineasta sueco Arne Sucksfdorff e integrou a equipe de “Cabra Marcado para Morrer”, interrompido pelo golpe de 1964.
A passagem à frente das câmeras começa em 1965, com um pequeno papel em “A Falecida”, de Leon Hirszman. O primeiro grande papel, em 1972, é um anti-heroico Tiradentes em “Os Inconfidentes”, filmado por Joaquim Pedro de Andrade na contramão do ufanismo da ditadura.
Em 1976, estoura nas bilheterias ao sair nu às ruas apalpando as carnes de Sonia Braga como o sacana Vadinho de “Dona Flor e Seus Dois Maridos”. No momento de redescoberta do país que sobrou dos delírios de grandeza do regime militar, Wilker lidera a Caravana Rolidei no definitivo “Bye Bye Brasil”, de 1979.
Nos enterros e renascimentos do cinema nacional, Wilker esteve presente como demonstração de crença e teimosia. Agora, torna-se ainda mais vivo por meio dessas imagens.
Fontes: Folha Online e Youtube
Nota do publicador: Sem dúvida, um dos melhores atores que eu já vi atuar tanto na TV quanto no Cinema.