Na segunda-feira, 18/2, o Roda Viva entrevistou a ex-senadora Marina Silva. Entre os assuntos em foco, ela falou sobre seu novo partido, projetos políticos, Mensalão, Lula, Dilma e Renan Calheiros.
Dois dias depois de lançar um novo partido, a Rede Sustentabilidade, ou apenas Rede, Marina Silva esteve no Roda Viva para falar de política, meio ambiente e mudanças. Marina nasceu e cresceu em um seringal no Acre, foi alfabetizada aos 16 anos, se formou em História e atuou junto ao líder seringueiro Chico Mendes. Filiada ao PT, foi vereadora, deputada estadual e senadora. Durante cinco anos ocupou o Ministério do Meio Ambiente no Governo Lula, mas saiu, em suas próprias palavras, “por que queriam revogar as medidas do plano de combate ao desmatamento”. Em 2010 concorreu à presidência pelo Partido Verde. Acabou em terceiro lugar, com quase 20 milhões de votos.
O estatuto do novo partido, a Rede Sustentabilidade, prevê, entre outros pontos, um teto para doações recebidas e transparência online durante as campanhas eleitorais. “O Senador Eduardo Suplicy me disse uma vez que não basta ter transparência, é preciso ter visibilidade”, declarou.
Marina defende também candidaturas independentes, o que, segundo ela, é uma tendência que se vê no mundo todo. “Há um descompasso entre aquilo que o eleitor deseja e aquilo que é feito pelos parlamentares”, disse para justificar a decisão.
“Não estamos fazendo um movimento para tirar pessoas dos outros partidos. As pessoas que estão neste movimento são donas de casa, trabalhadores, universitários, estudiosos. É um perfil diferente de ativismo autoral”, disse. Ativismo autoral, segundo ela, é uma nova forma de fazer política em que as pessoas se juntam espontaneamente ao partido por que querem ser protagonistas de uma mudança, não apenas eleitoras e espectadoras. Marina disse que em menos de um mês, 1700 pessoas participaram dos encontros do novo partido. “Eu sei que sou carismatica, mas o novo papel da liderança carismática é trazer as pessoas para que elas sejam protagonistas na rede política”, declarou.
Sobre a crise econômica e a Petrobras, Marina disse que as medidas tomadas em 2009 para estimular o consumor foram repetidas agora mas não estão surtindo efeito. O motivo, segundo ela, é por que “o mundo todo está em crise, a capacidade de endividamento das famílias está prejudicada. Não adianta tomar medidas imediatistas sem pensar no longo prazo”.
Sobre o resultado do julgamento do Mensalão, Marina disse conhecer pessoalmente a família de José Dirceu, a quem ela reconhece um grande valor em seua formação política. “Eu quero que seja feita justiça. A Justiça se pronunciou, não tenho razão para dizer que não foi feita justiça”, disse.
Apresentado pelo jornalista Mario Sergio Conti, o Roda Viva contou com uma bancada de entrevistadores formada por Ricardo Gandour (diretor de Conteúdo do Grupo Estado), Daniela Pinheiro (repórter da revista Piauí), Marina Amaral (jornalista e diretora da Pública – Agência de Jornalismo Investigativo), André Luiz Costa (diretor de Jornalismo Bandnews FM) e Ricardo Balthazar (editor do caderno Poder do jornal Folha de S. Paulo). O programa contou também com a participação do cartunista Paulo Caruso.
Fonte: TV Cultura