Ney Matogrosso vive o Bandido da Luz Vermelha em “Luz nas Trevas”, com roteiro de Sganzerla
Neusa Barbosa
Do Cineweb, em São Paulo*
Ney Matogrosso em cena de “Luz nas Trevas – A Volta do Bandido da Luz Vermelha”
Filme emblemático do cinema marginal, “O Bandido da Luz Vermelha” (1968), de Rogério Sganzerla (1946-2004), marcou época, unindo contundência no comentário social em plena ditadura a uma estética suja, contrária ao embelezamento de um cinema clássico. Foram necessários mais de 40 anos para o lançamento da sequência: “Luz nas Trevas – A Volta do Bandido da Luz Vermelha”, que estreou nesta sexta (11).
CANTOR NO CINEMA
O filme foi feito a partir de um roteiro deixado pelo próprio Sganzerla, que foi transformado num projeto familiar da empresa Mercúrio Filmes, integrada pela viúva do diretor, Helena Ignez, e suas filhas Djin e Sinai.
Filmado num presídio abandonado, na zona leste de São Paulo e dirigido por Helena Ignez e Ícaro Martins, o novo filme retoma o personagem original, inspirado num assaltante real, João Acácio Pereira da Costa, e interpretado em 1968 pelo ator Paulo Villaça – que morreu em 1992.
Nesta sequência, além do novo intérprete – o cantor Ney Matogrosso, em seu primeiro papel principal no cinema -, o personagem está diferente. Os anos de cadeia o transformaram num homem mais amargo e reflexivo, que cultiva uma vaidade peculiar, exercitando frequentemente seus músculos e gastando seu tempo em leituras de filósofos, como Kant e Nietzsche.
O protagonista encontra seu filho, outro bandido, chamado “Tudo ou Nada” (André Guerreiro Lopes), fruto de uma breve ligação com uma mulher (Sandra Corveloni). Djin Sganzerla interpreta a namorada dele, Jane, mesmo nome da namorada do bandido original, vivida em 1968 por sua mãe, Helena Ignez. Desta vez, Helena encarna outra personagem importante, Madame Zero. Sergio Mamberti, que fazia um taxista no filme original, aqui é outro marginal, Nenê Jr. O delegado Cabeção é interpretado pelo músico Arrigo Barnabé.
Fonte: UOL