Fogo da Vida
Quase meia-noite, 31 de dezembro…
O povo chega de todos os cantos,
se aconchega, se espreme, se vira,
se espalha pelas ruas ao redor.
A chuva fina insiste em cair e atrapalhar…
Os fogos estão prontos de longo tempo.
Carros, motos e pedestres.
Velhos e novos juntos numa mesma expectativa.
Olhos negros, olhos claros, olhos verdes, azuis e castanhos
fixos nos movimentos ao redor.
Olhos que viajam no tempo,
relembram sonhos, realizações,
pedidos não atendidos, angústias e tristezas
deixadas pra trás naquele momento mágico,
carregadas no tempo e no espaço…
As esperanças renovadas.
Fogos brancos, amarelos, vermelhos…
Fogos barulhentos.
Uma guerra anunciada.
Gritos e sussurros!
Assobios e delírios!
Sorrisos e lágrimas!
Amigos se reencontram, desconhecidos se entreolham…
Nada tem mais importância nos corações destes que ali estão.
Alguns já meio alterados pela dose etílica exagerada,
outros tentando descobrir o sentido da vida.
Muitos não fazem parte da festa, alheios e imóveis,
vivem em outros mundos, distantes,
desconhecem a razão da festa.
Trinta minutos depois é o fim.
O Fogo da vida cessou…
Dia 31 de dezembro, tem mais.
Enquanto isso, vamos construindo nossos castelos,
pulando os muros altos, respirando fundo e…
Seguindo o rumo que tivermos vontade.