O cantor e guitarrista Elmore James, nascido no Mississippi, escreveu um lick imortal: o riff de slide em staccato em sua adaptação de “I Believe I’ll Dust My Broom”, de Robert Johnson, de 1951. “Mas foi um grande lick”, diz o guitarrista Derek Trucks. “Havia algo desembestado em seu estilo, aquele violão com captador elétrico.” James também acertou com variações empolgantes daquele lick em “Shake Your Moneymaker” e “Stranger Blues”, que se tornaram clássicos da explosão do blues após sua morte, em 1963. Seu timbre inspirou uma geração de guitarristas: “Treinei 12 horas por dia, todos os dias, até meus dedos sangrarem, tentando conseguir o mesmo som de James”, disse Robbie Robertson. “Então, alguém me contou que ele tocava com um slide.” Trucks ama o solo de James em uma versão de “Rollin’ and Tumblin’”, de 1960: “É, cada nota está no lugar certo – tem pegada funk e é suja”.
Em 5 de julho de 1954, Elvis Presley, o guitarrista Scotty Moore e o baixista Bill Black brincavam com uma versão acelerada de “That’s All Right”, de Arthur Crudup, durante um intervalo em uma gravação na Sun Records, em Memphis. O som da guitarra se transmutaria: as passagens concisas e agressivas de Moore misturavam dedilhados de country e fraseados de blues em uma nova linguagem. O estilo era tão potente que até se esquece que não havia baterista. Se Moore só tivesse feito as 18 gravações da Sun – incluindo “Mystery Train” e “Good Rockin’ Tonight” –, seu lugar na história já estaria garantido, mas ele continuou tocando com Elvis, colaborando com mais solos incandescentes. Quando Elvis quis voltar para suas raízes no especial de TV em 1968, convocou Moore para o som que ajudou a mudar o papel da guitarra na música pop. “Todo mundo queria ser Elvis”, disse Keith Richards. “Eu queria ser Scotty.”
Fontes: Rolling Stone e Youtube