No início dos anos 80, a MTV estava surgindo e a guitarra do blues estava a quilômetros de distância das músicas que faziam sucesso na parada. Só que o texano Stevie Ray Vaughan exigia sua atenção. Tinha absorvido os estilos de praticamente todos os grandes guitarristas de blues – além de Jimi Hendrix e muito do jazz e rockabilly – e seu timbre fenomenal, sua virtuosidade casual e sua noção impecável de suingue podiam fazer um blues como “Pride and Joy” bater tão forte quanto qualquer faixa metaleira.
Apesar de sua morte em um acidente de helicóptero em 1990, ele ainda inspira diversas gerações de guitarristas, de Mike McCready, do Pearl Jam, a John Mayer e o astro em ascensão Gary Clark Jr. “Stevie foi um dos motivos para eu querer uma Stratocaster – seu timbre, que nunca consegui imitar, era tão grande, ousado e brilhante ao mesmo tempo”, afirma Clark.
George Harrison e eu estávamos em um carro, certa vez, e a música “You Can’t Do That” dos Beatles começou a tocar, com aquele grande riff de guitarra de 12 cordas na abertura. Ele disse: “Eu criei esse”. Perguntei: “Verdade? Como?” Respondeu: “Estava lá parado e pensei: ‘Tenho de fazer algo!’” Isso o resume bem. Tinha um jeito de ir direto ao ponto, de achar a coisa certa a tocar. Isso era parte da magia dos Beatles – todos pareciam achar a coisa certa para tocar.
George conhecia cada solo obscuro dos discos de Elvis; suas influências iniciais foram o rockabilly – Carl Perkins, Eddie Cochran, Chet Atkins, Scotty Moore –, mas sempre acrescentou algo a isso. Muito antes, eu derretia com o solo em “I Saw Her Standing There”. Simplesmente não dá para imaginar outra coisa lá. Ele tinha esse dom. E quantas guitarras Rickenbacker de 12 cordas ele ajudou a vender? Era um som totalmente novo também – Roger McGuinn pegou a ideia de George, e depois a levou para o The Byrds.
Quando passou para a guitarra slide mais tarde na carreira dos Beatles, foi realmente bonito ouvi-lo tocar. Uma vez ele me disse: “Acho que os guitarristas modernos estão se esquecendo do tom”, e isso era algo com o qual ele se importava muito. Estava muito em sintonia com o que tocava, o slide era muito preciso, com um belo vibrato nele. Realmente soava como uma voz, como uma voz muito distinta, característica que saía dele. Ouça aquelas gravações. Eram tão imaculadas, tão inventivas. George era um cara que podia acrescentar muito.
Fontes: Rolling Stone e Youtube