Quando eu tinha 11 anos, estava na casa do meu professor de guitarra e ele botou “Eruption”. Soava como se tivesse vindo de outro planeta. Era gloriosa, como ouvir Mozart pela primeira vez.
Eddie Van Halen é mestre dos riffs: “Unchained”, “Take Your Whiskey Home”, o começo de “Ain’t Talking ’Bout Love”. Ele consegue sons que não são necessariamente de guitarra – muito harmônicos, texturas que acontecem somente pelo jeito de ele tocar. Há uma parte em “Unchained” que soa como se houvesse outro instrumento no riff.
Muito disso está nas mãos dele: como ele segura a palheta entre o polegar e o dedo médio, o que permite executar os “tappings” (quando descobri que ele tocava assim, tentei, mas foi estranho). E Eddie tem alma. É como Hendrix – dá para tocar as coisas que ele compôs, mas há um fator X que você não consegue atingir.
Eddie ainda tem isso. Vi o Van Halen na turnê de reunião há dois anos e, no segundo em que ele apareceu no palco, tive a mesma sensação de quando era moleque. Quando você vê um mestre, sabe disso.(Mike McCready)
Quando vi Chuck Berry em Jazz on a Summer’s Day na minha adolescência, o que me impressionou foi como ele tocava de modo diferente com um bando de músicos de jazz. Eles eram brilhantes, mas tinham aquela atitude que veteranos do jazz assumiam: “Aah… esse rock and roll…” Com “Sweet Little Sixteen”, Chuck os deixou chocados e tocou contra sua animosidade. Isso é o blues. Essa é a atitude e a coragem necessária. É o que eu queria ser, só que eu era branco.
Ouvi cada lick que ele tocava e aprendi. Chuck pegou isso de T-Bone Walker, e peguei isso de Chuck, Muddy Waters, Elmore James e B.B. King. Todos fazemos parte desta família que existe há milhares de anos. Sério, todos estamos passando isso adiante.
Chuck tocava uma versão aquecida do blues de Chicago, aquele balanço de guitarra, mas o levou para outro nível. Era um pouco mais jovem que os blueseiros mais velhos, e suas músicas eram mais comerciais sem ser simplesmente pop, o que é difícil de conseguir. Chuck tinha o suingue e uma banda incrível nas primeiras gravações: Willie Dixon no baixo, Johnnie Johnson no piano, Ebby Hardy ou Freddy Below na bateria. Eles entendiam o que ele era e iam com a maré.
Não é o cara mais fácil do mundo de se conviver, o que sempre foi um pouco decepcionante para mim – porque compôs músicas que tinham tanto senso de humor e inteligência. O velho filho da puta acabou de fazer 85 anos. Desejo a ele um feliz aniversário e queria simplesmente aparecer e dizer: “Ei, Chuck, vamos sair para beber algo.” Mas ele não é desse tipo de cara. ( Keith Richards)
Fontes: Rolling Stone e Youtube