As redes sociais na vida das pessoas

Estudos reabrem debate sobre o impacto de redes sociais na vida das pessoas

ALEXANDRE ARAGÃO
DE SÃO PAULO

Qual o impacto das redes sociais na vida das pessoas? Elas nos aproximam ou nos afastam?

A discussão, que mobiliza acadêmicos desde que Orkut e Facebook se tornaram populares, ganhou novos capítulos recentemente, com o lançamento de dois livros de teorias opostas.

SOCIAL OU ANTISSOCIAL?
Ilustração Pablo Mayer
Estudos reabrem debate sobre o impacto de redes sociais na vida das pessoas
Vigilância de governos e empresas na internet ameaça usuários, dizem estudiosos
Depoimento: ‘Com o Twitter, ajudo pessoas a doar sangue’
Depoimento: ‘Prefiro ver meus amigos pessoalmente’

De um lado estão o sociólogo Barry Wellman, da Universidade de Toronto, e Lee Rainie, diretor do instituto Pew. Eles são autores de “Networked: The New Social Operating System” (“Em Rede: O Novo Sistema Social”, sem edição em português), no qual defendem que esses sites são elementos de união.

Do outro lado, Andrew Keen, historiador, empreendedor pioneiro do Vale do Silício e autor de “Vertigem Digital”, no qual procura explicar por que as redes sociais estão “dividindo, diminuindo e desorientando” seus usuários.

“REVOLUÇÃO TRIPLA”

Wellman e Rainie recorrem a pesquisas sobre o uso de tecnologia nos EUA, produzidas pelo instituto Pew, para argumentar que a sociedade está ficando mais integrada por três fatores, que eles definem como “revolução tripla”.

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O sociólogo Barry Wellman, professor da Universidade de Toronto e coautor de "Networked" ao lado de Lee Rainie
O sociólogo Barry Wellman, professor da Universidade de Toronto e coautor de “Networked” ao lado de Lee Rainie

O primeiro, do qual a web é peça-chave, é a substituição de grupos sociais coesos por redes interligadas entre si por vários indivíduos.

“No passado, as pessoas tinham círculos sociais pequenos, fechados, nos quais familiares, amigos próximos, vizinhos e líderes comunitários formavam uma rede de proteção e ajuda”, escrevem os autores. “Este novo mundo de individualismo conectado gira em torno de grupos mais soltos e fragmentados que oferecem auxílio.”

Segundo eles, completam essa “revolução” o aumento do acesso à banda larga e o uso disseminado de smartphones e tablets.

“Dizem que as redes sociais desagregam, mas não há nenhuma evidência sistemática de que isso esteja, de fato, ocorrendo”, afirma Wellman, em videoconferência com a Folha.

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O historiador Andrew Keen, autor de "Vertigem Digital"
O historiador Andrew Keen, autor de “Vertigem Digital”

PRISÕES DE LUXO

Já Andrew Keen utiliza como alegoria de sua tese uma prisão do castelo de Oxford que foi transformada em hotel cinco estrelas. Nela, um átrio central permitia que todos os prisioneiros fossem vigiados –hoje, as antigas celas viraram quartos luxuosos.

Para ele, assim são as redes sociais: parecem hotéis cinco estrelas, mas não passam de cadeias em que um preso vigia o outro constantemente. “Muito da minha conclusão foi derivado do meu próprio uso de redes sociais”, afirma, por e-mail.

O uso que fazemos das redes sociais, diz, serve para nos manter ligados a nossas identidades virtuais, o que nos faz deixar de lado as reais.

Para Keen, uma frase de Sherry Turkle, professora do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), resume sua opinião: “Entramos em rede porque estamos ocupados, mas acabamos passando mais tempo com a tecnologia e menos uns com os outros”.

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AS REDES EM USO

273
é o número médio de amigos que os brasileiros têm em redes sociais

91%
dos brasileiros com acesso à internet têm perfis em alguma rede social

69%
dos adultos que usam internet nos EUA têm perfis em redes sociais

92%
é para quanto sobe a porcentagem entre a população de 18 a 29 anos

Fontes: comScore, Ibope Mídia e Pew Research Center

Publicado na FolhaUOL em 19/11/2012

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