Titãs estreiam turnê no Rio com show pesado e reverência à guitarra

Titãs estreiam turnê no Rio com show pesado e reverência à guitarra

Henrique Porto

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Boa parte das críticas publicadas sobre “Nheengatu”, recém-lançado álbum dos Titãs, descreve o trabalho como “pesado”, “forte”, “punk”. Pois o show da noite deste sábado (23), no Circo Voador, no Rio, e que marcou o início da turnê homônima mostrou que, ao vivo, a paulada é ainda maior. Foram 30 canções nas quase duas horas de música, executadas de maneira precisa, direta, sem frescura, em volume altíssimo. O público carioca “comprou o barulho” proposto pelo grupo, literalmente — os ingressos se esgotaram pouco antes do início da apresentação. E aplaudiu.

Até canções gravadas com arranjos mais pop, como “Televisão”, “Diversão” e “Sonífera Ilha” ganharam vigor extra, um jeitão rock and roll que lhes trouxe sujeira no melhor dos sentidos. Porque, no palco, as guitarras de Paulo Miklos e Tony Bellotto são soberanas. Tudo gira em torno de riffs e muita distorção. Revezando-se no baixo, Branco Mello e Sérgio Britto (que também ataca nos teclados) brilham nos vocais, assim como Miklos, enquanto Mario Fabre desce a mão na bateria.

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A coisa fica séria já a partir da sequência inicial do show, quando a banda sobe ao palco mascarada, numa espécie de versão brasileira do grupo Slipknot. E é com o uso do acessório que bombardeiam a plateia com “Fardado”, “Pedofilia”, “Cadáver Sobre Cadáver”, “Baião de Dois”, “Chegada ao Brasil (Terra à Vista)” e “Senhor”, todas do novo disco. Enfileiradas, as canções funcionam como uma crônica política do país, quase que um protesto, reforçado por uma incrivelmente mais pesada versão de “Polícia” (que, próximas das outras, se descortina ainda relevante e atual, mesmo tendo sido composta há quase 30 anos).

O tom furioso em relação à situação do país é ainda mais explícito com “Vossa Excelência”, lançada em 2005 durante o escândalo do mensalão. “Não é porque eles jogam sujo que a gente vai deixar de jogar. Nossa homenagem à classe política brasileira”, anuncia Paulo Miklos, pouco antes dos primeiros acordes.

Entre os “sucessos para cantar junto” apareceram “Bichos Escrotos”, “Flores”, “Aa Uu”, “Lugar Nenhum”, “Estado Violência”, “Cabeça Dinossauro” e “Homem Primata”, sempre com o rugido das guitarras funcionando como bússola. Em versão 2014, tempestades sonoras com ventos de Sex Pistols, Clash, Gang of Four, Led Zeppelin, Jimi Hendrix e Black Sabbath.

É o retorno da banda aos palcos com um show poderoso, ácido e barulhento. É possível que nem como octeto o grupo tenha feito tamanho esporro ao vivo. E provável que o nome Titãs jamais tenha caído tão bem a esses músicos.

Fonte: Uol Música

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