Marisa Orth fala sobre o surgimento da banda Vexame

De uma brincadeira ao mergulho na música brega, no período de descoberta da MPB

Em entrevista ao programa Móbile, a cantora e atriz Marisa Orth declarou que a música brega também fez parte de sua formação musical. Ela participou da Vexame, uma banda que rompeu barreira do brega na Música Popular Brasileira.

Vexame surgiu para existir apenas por uma noite, era uma espécie de brincadeira, com performances e piadas durante o show.  A ideia era levar para o Aeroanta, uma antiga casa noturna que fez muito sucesso na década de 1990 apresentando importantes bandas do circuito alternativo que surgiram nos anos 80.

A burguesia cedeu: “Era para ser uma noite e foi um sucesso, que aquele Aeroanta caiu, como se todo mundo soubesse de cor todas as músicas. O show teve uma resposta, uma soltura. O Brasil é feito disso, tanto que hoje tem gente que ganha muito dinheiro com a música brega. Foi ali que o Brasil começou a aparecer”.

Marisa Orth conta que viveu os dois lados da música brasileira. “Eu brincava que tinha a MPB e MBPBB, que é a música bem popular, bem brasileira. Nós vivemos mais ou menos no mesmo período que Amado Batista, Odair José, Fernando Mendes — era a famosa música que a gente ouviu durante a infância na ditadura. Ouvíamos Chico Buarque na sala e Odair na área de serviço. E eu não entendia direito, porque diziam que na sala era a música para salvar os pobres, sendo que os pobres não ouviam esse tipo de música. Isso foi um enigma na minha vida de entendimento do Brasil”.

Depois do primeiro show, que era para ser único, a banda Vexame lançou um disco e durou por 9 anos. “A gente se aproximou muito do Odair, Fernando Mendes. O Odair dizia: ‘muito obrigado por vocês entrarem no Aeroanta e levarem a minha música, porque se eu entrar eu levo tomate na cabeça’. E foi virando chique, foi virando cult e foi integrando.  Eu acho que a MPB foi se antropofagizando”.

Fonte: C+ O Portal de conteúdo da TV Cultura